Que a área da saúde está falida, ninguém tem dúvidas.
Temos observado notícias na tv sobre falta de creches para atender a
100.000 crianças em S. Paulo. Há dois anos também vimos
o estoque de alguns remédios 5 vezes acima do necessário em Manaus,
ocasionando a perda da validade de medicamentos que faltam em alguns estados
do Nordeste. Enquanto dezenas de compatriotas morrem numa região, na
outra, mercenários da vida enriquecem com o tráfico de remédios
(verdadeiros roubados e falsos de fundo de quintal), sendo que a fatura é
paga pela nação. Já no Sudoeste e adjacências, imensas
filas se formam pela madrugada fria, ao longo das calçadas da miséria
enquanto as autoridades desviam altos valores para as estruturas do Pan 2007,
para eternizarem seus nomes nas reluzentes placas nas entradas dos estádios.
Com o clarear do dia, é feita a distribuição de senhas,
provocando o retorno de milhares ao seu ponto de origem, provavelmente com a
doença agravada pelas péssimas condições em que
permaneceram ao relento, sonhando com o atendimento. Os que são "premiados"
e passam às dependências do hospital, amontoam-se em espaços
apertados, sujos, desconfortáveis e povoados de milhares de vírus
que lhe trarão novas doenças (caso sobrevivam mais alguns meses).
Eventualmente recebem um medicamento pago pelo próprio médico
(que recebe salário indigno) que o atendeu e que se comoveu com a penúria
do seu cliente.
O sistema habitacional é outra vergonha nacional. Verbas para construção
de casas populares são desviadas para açudes em fazendas dos amigos
das elites que dominam o poder, sob forma de generosos empréstimos, a
juros mínimos e prazos dilatados. O gado de pelo bem tratado, bebe água
saudável enquanto o caboclo de pele enrugada pelo sofrimento cozinha
cacto em sua panela enferrujada, sem perceber que é degrau do trampolim
eleitoral há mais de 50 anos. No entanto, verbas para ajudar na montagem
da estrutura da realização das olim... piadas de 2007 já
estão reservadas.
O sistema educacional está mais antiquado do que o rascunho da Bíblia.
Altas somas são perdidas sem critérios. Ensinam matérias
sem conteúdo prático para os adolescentes. Permitem que milhares
de jovens repitam o ano integral, devido à falta de 0,5 ponto em Geografia
(pois ele, morador de Pelotas, não sabe os afluentes do Amazonas enquanto
"apenas limões" - desculpem o trocadilho). Com isto, faltam
vagas aos novos candidatos. Seus pais precisam dormir em filas nas ruas por
3 ou 4 noites em busca de senhas. Raras escolas promovem um programa simples
e inteligente de integração com a família (sim, pois a
educação não se recebe na escola - ela deveria dar a informação
e orientar o uso da mesma pelo aluno, junto à sua família e comunidade).
Professores mal pagos já não se entusiasmam em bolar novos mecanismos
de orientação pedagógica. Sob pressão para receber
orçamentos, diversos municípios aprovam alunos que não
comparecem nem à metade das aulas nem conseguem uma nota acima de 4 durante
o ano. Este é o quadro negro (algumas já não possuem este
equipamento) da área educacional. Isto interessa à elite dominante
para manter os escravos dóceis e subjugados, realizando trabalhos pesados
por salários leves.
Depois deste breve ensaio (a realidade nos obrigaria a uma edição
de almanaque para revelar tudo), só tenho quatro perguntas a fazer em
nome de milhões de patriotas incrédulos e anestesiados:
1 - para onde vai o dinheiro arrecadado mensalmente pelo CPMF, IR, loterias,
ICMS, IPVA, ISS, IPI, e outros impostos menos votados?
2 - Até quando vamos doar nosso sangue enfraquecido para sustentar as
gordas mordomias dos ilusionistas que se apossaram do poder e impedem que recuperemos
o orgulho desta grandiosa pátria?
3 - Quando ergueremos a bandeira da cruzada cívica pela moralidade na
administração pública?
4 - Quando pensaremos em oferecer um futuro melhor aos nossos filhos enfraquecidos
pela desesperança e arrebanhados pelas drogas?