O lamentável acidente da explosão de uma "fábrica"
de fogos de artifícios em bairro residencial de Santo André (S)
no final de setembro de 2009 com 3 vítimas fatais (até agora), dezenas
de outros feridos e várias residências abaladas pela onda de choque,
nada mais retrata do que o "acordo" das autoridades (?) com as entidades
(que patrocinam suas campanhas eleitorais) que manipulam as vidas das populações
em todos os estados deste país. Obras que foram erguidas antes de 1950
(e as recentes também) fora das especificações, sem a manutenção
adequada (devido aos impostos desviados) e sem as fiscalizações
rígidas, hoje tornam-se armadilhas letais contra a população
que transita no perímetro destas áreas.
Dentro deste rastro seguem-se as pequenas empresas que são abertas antes
das demoradas autorizações e acabam funcionando de forma inadequada,
sem segurança para seus funcionários, clientes e vizinhos em volta.
Sabem que a fiscalização é falha e a Lei (?) é frouxa.
Em caso de um evento sinistro, fecham a dita cuja, criam uma nova razão
social e abrem um negócio similar em outro bairro.
Além disto, o apoio às famílias prejudicadas é apenas
peça de manchete de jornais, pois a ajuda é 80% menor do que o anunciado
e demora anos para chegar a este ponto aquém. Bem diferente do que acontece
quando o acidente ocorre com aviões e equipamentos que atingem a classe
rica. Aí o suporte é rápido e de boa qualidade.
Podemos recordar fatos trágicos sem ordem cronológica que ceifaram
dezenas de vidas pelo descaso dos responsáveis, pela falta de fiscalização
adequada e pela ausência de penalidades exemplares. Desabamento da represa
do Algodão (PI), queda do teto da igreja Renascer (SP), obras do metrô
com 8 mortes (SP), queda da arquibancada do Estádio da Fonte Nova (BA),
queda do viaduto Paulo de Frontin (RJ), queda do Palace II (RJ), incêndio
do Joelma (SP) e do Serrador (RJ), afundamento do Bateau Mouche (RJ), queda da
Gameleira (MG), plataforma P36 da Petrobras (RJ), rompimento do emissário
de Ipanema (RJ), das barragens de lama (MG), de pontes, estradas, escolas e hospitais
públicos, encostas de morros acumulando favelas (BR) e aviões que
poderiam ter sido evitadas (BR). Fora outras dezenas de tragédias espalhadas
pelo país e nem sempre destacadas na imprensa controlada.
Todos estes fatos acontecem por duas razões básicas:
1 - a corrupção que começa no topo e já contaminou
o nível mais baixo de qualquer construção ou prestação
de serviço;
2 - a impunidade que não castiga os mentores e executores destas picaretagens.
Resta esclarecer se somos cúmplices passivos (somos sim) por ficarmos assistindo
a estas barbaridades sem que nossa indignação seja despertada para
mudar de forma contundente este cenário que nos denigre perante nossos
herdeiros! Quando falta energia elétrica, protestamos com veemência.
Não pelos alimentos estragados na geladeira, mas pela perda do capítulo
da novela que prometeu mostrar dois atores (até do mesmo sexo) rolando
na cama. Mas isto é facilmente contornado pela tv que "gentilmente"
repete o capítulo perdido.
Quantos estádios, viadutos, escolas e hospitais terão de desabar
matando gente para que a população esqueça a anestesia oriunda
de processos "Big-Besta-Brasil" e tenha consciência de que precisa
aprender a cobrar seus direitos de sobreviver com um mínimo de qualidade?
E mortes continuarão ocorrendo sem prisão de culpados, devolução
das verbas desviadas nem ressarcimento adequado aos parentes das vítimas
(pobres).
Ninguém será penalizado porque tal ação educativa
abriria um perigoso precedente e parlamentares que matam dirigindo carro a mais
de 150 km/h, que levantam prédios com cimento de 5ª. qualidade e torturam
desafetos com serras elétricas teriam de ser encarcerados também.
Vamos aguardar o próximo evento macabro a ser apresentado no picadeiro
do circo Brasil. Similar aos demais circos, com uma única diferença:
os palhaços (nós) observam tudo docilmente da arquibancada enquanto
as feras (abutres, raposas, lobos) nos devoram rindo.
Dentro de um mês a população naturalmente esquecerá
este lamentável fato. Ou até mesmo em 15 dias, desde que as mídias
orquestradas preparem alguma manchete exaltando as virtudes de um jogador que
faça um gol de canela ou de uma "popozuda" com baixos neurônios
que exiba suas nádegas desnudas (mesmo com celulite) num programa de "alto"
nível da tv.