A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Nossa faca é cega

(Haroldo P. Barboza)


Por centenas de vezes, ouvimos notícias sobre o futuro esgotamento das reservas de petróleo na Europa e na América do Norte. Exibem gráficos e mapas que indicam uma tolerância para mais 15/20 anos. No entanto, devemos suspeitar que isto pode fazer parte de uma encenação (como nas pesquisas eleitorais) para que acreditemos em tal fato. Pois eles não seriam tolos a ponto de permitir que um bem estratégico deste porte, tivesse seu estoque reduzido a zero num curto espaço de tempo, deixando-os menos fortes em relação aos seus subjugados. É de se imaginar que possuam reservas maiores e pretendam preserva-las até que descubram uma fonte de energia similar ou superior, cuja estrutura de manutenção seja viável e lhes permita continuar dando as cartas no planeta e obtendo lucros vantajosos.

Logo, é natural que montem artifícios de modo a capturar o petróleo alheio. E por isto estão avançando sobre alguns países. Nós estamos na pauta de prioridades - mas o Iraque é a bola da vez. Contaminam-nos com seus alimentos ricos em gorduras do tipo carne triturada de origem duvidosa nos Mc Donalds da vida e suas palavras que poluem e contaminam nosso vocabulário nacional através da propaganda comercial maciça. Provocam conflitos localizados para fabricarem terroristas virtuais. Com isto criam motivos para instalar bases de apoio e "proteção" em território alheio. A falha é nossa, em concordar que tal aconteça e ainda aceitemos a tudo com um sorriso nos lábios. Logo o Brasil, que além de muito petróleo (não revelam nosso verdadeiro potencial), tem muita ÁGUA, que se tornará uma moeda forte em menos de 50 anos e um clima admirável para plantar e alimentar o resto do mundo por mais 500 anos! Se tivéssemos dirigentes com visão no SEMPRE certamente estaríamos num patamar mais elevado. Quem tem visão no futuro só enxerga os próximos 10 anos. Se nossos líderes fossem isentos da ganância pessoal (se fossem patriotas, usariam esta característica em prol da terra de seus filhos), estaríamos sentados à mesa opinando onde as condutas mundiais são definidas. E seríamos ouvidos em igualdade de condições, de cabeça erguida!

Portanto, já está mais do que na hora de darmos um basta nesta situação e abolirmos os ídolos que incutiram em nossas mentes durante décadas através dos enlatados cinematográficos e dos joguinhos de vídeo: Tarzan, Batman, Mickey e outros patos e patetas de mesmo quilate (por onde anda nosso Jerônimo, o herói do sertão?). Contrariemos a elite dominante: deixemos de comprar revistas dos bonecos estrangeiros (um dos itens que cito em "greve branca") e passemos a idolatrar os líderes nativos, que sustentaram a Inconfidência Mineira, a guerra de Canudos e outros eventos de porte similar e que deveriam servir de modelos às nossas crianças no lugar de vencedores do "big bobo Brasil" que possuem enorme dificuldade em elaborar uma frase com mais de 5 palavras. A morte de nossos ídolos, algumas vezes de forma dolorosa nas mãos dos adversários, não significa a derrota dos ideais pelos quais lutaram com bravura. Pelo contrário. Servem como adubo para manter viva a árvore de nossa dignidade, que tem tudo para produzir um orgulho brilhante pela nossa unidade. Quem é tetra (penta, hexa) neto destes valorosos brasileiros, faça por merecer este título. Incutam nas mentes dos que os cercam, os ideais patrióticos pregados pelos bravos antepassados. Desliguem a tomada que os hipnotizam com filmes e novelas grotescas destruidoras de valores familiares. Acreditem que podemos ser felizes sem celular, sem micro, sem automóvel e sem fumar o cigarro que anestesia a boiada (nós) a ser conduzida no curral. Fora com as urnas eleitorais virtuais camufladas e viciadas!

Na desunião da família nasce a desagregação que abre caminhos para a invasão da cultura dos gananciosos condutores de drogas e armas. No lugar do rock, cantemos nossos belos hinos bem letrados. Por que no início das aulas nas escolas já não cantamos o Hino Nacional? A generosa Natureza nos oferece tantas oportunidades saudáveis de lazer quase de graça. E não sabemos explora-las para captar dólares dos ávidos turistas ansiosos por usufruir destes tesouros inesgotáveis (desde que bem conservados) que os deuses colocaram em nossas mãos e estamos abandonando e destruindo sem contemplação.

Observe que Cuba sobreviveu (mesmo sem luxo) por dezenas de anos apesar do embargo econômico a que foi condenada. E os índices de analfabetismo e doenças são várias vezes menores proporcionalmente aos nossos, que vivemos cercados de tecnologias (sucatas) que não nos pertencem e só servem para ajudar a aumentar nossa suspeita dívida externa. Se fosse possível abrir uma CPI para este assunto, acabaríamos descobrindo que na verdade nós somos os credores. E passaríamos a fatiar o queijo com nossa faca.

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