A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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A tartaruga e os diretores

(Haroldo P. Barboza)


Certamente nosso bravo Barrichelo tem uma relação de grande afinidade com os quelônios. Na F-1 de 2009, com 20 competidores inscritos, coube-lhe o número 21!

Passando para outro ambiente onde nossos representantes também andam devagar demais para nosso gosto, chegamos ao par(a)lamento senatorial (cruzes!). Neste antro por onde escoam inutilmente milhões de Reais oriundos de nossos massacrantes impostos, 81 elementos nocivos à sociedade conseguiram montar uma estrutura com 181 “diretores” (nome carinhoso dado aos leias cabos eleitorais). Certamente inchariam a folha de pagamento com mais uns 30 postos similares se o imundo caso não tivesse sido estampado nos jornais.

Tirando os 8 ou 10 postos efetivos que toda entidade de respeito deve ter (eu disse de respeito e não “peito de res” apesar deles mamarem nas tetas da união), tomamos conhecimento até de “diretor” de autógrafos. Que raio de função é esta? Será do sujeito que deve carregar canetas (à imagem dos carregadores de taco de golfe) de diversas cores para que o legislador rabisque seu nome na camiseta de algum turista? Só se for de turista mesmo, pois nenhum nativo em sã consciência deseja estar relacionado com tipos desta clã leviana.

Mas quais seriam as novas diretorias a serem criadas para atender os correligionários ansiosos para se locupletarem das mordomias planaltinas? Posso imaginar áreas de vital importância para manter a “honrada” soberania da nação.

Diretor de lavagem de cuecas – depois de transportarem a grana do mensalão, elas devem ser desinfectadas da mesma forma que as vestimentas de astronautas.

Diretor de filmagem – apesar do local não ser uma empresa cinematográfica, diversas câmeras devem estar implantadas nos gabinetes para registrar os conchavos dos seus titulares. Tais imagens montam os dossiês que os atrelam numa irmandade fraternal sincera: “- Se você me denunciar sobre o escândalo dos garfos, eu mostro aquela armação das colheres”.

Diretor de baton – encarregado de remover manchas do produto da gola da camisa de um legislador que após tomar mais de duas ao lado de uma secretária, deve chegar ao lar íntegro afirmando que a sessão noturna foi estafante.

Diretor de assoalhos e pisos – encarregado de recolher clips e canetas perdidas no chão que podem provocar a queda de transeuntes distraídos.

Diretor de controle remoto – encarregado de trocar o canal de tv quando solicitado pelos legisladores durante o almoço da casa.

Diretor das cestas de lixo – responsável por desamassar os papéis e conferir se em algum deles existem dados que podem chegar à imprensa bisbilhoteira.

Diretor do fio dental – transita entre as mesas nos horários das refeições para distribuir o artefato ao comilão que está irritado com o fiapo de caviar entre os dentes.

Diretor de maçanetas – elemento que deve esfregar uma flanela com álcool na maçaneta da porta do gabinete sempre que um desafeto se retirar do local.

Diretor dos caroços - nos dias de festas, desfila com uma bandeja recolhendo os caroços de azeitonas, caquis e assemelhados que os legisladores desprezam nas refeições.

Diretor de bateria - não é de escola de samba. É o responsável por trocar pilhas de rádios, controles remotos e celulares da região.

Vamos para por aqui para não onerar mais a monstruosa folha de pagamento deste monumento inútil que foi erguido nos idos de 1960 e cuja moral já foi implodida faz tempo.

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