O mercado de tráfico de armas rende quase R$ 1,5 bi por ano só
no eixo Rio-São Paulo. Um negócio deste porte interessa mesmo
aos policiais que se arriscam a morrer por uma destas armas que eles mesmos
comercializam com os "colegas" que não usam uniforme.
Qualquer que fosse o resultado do referendo, nada vai mudar, a não ser
a percepção do povo no sentido de passar a desejar outros eventos
similares.
A queda da violência não se faz pela supressão das armas,
mas pela redução da desigualdade social, do preconceito e da falta
de oportunidade de uma melhor qualidade de vida. Se isto ocorrer, naturalmente
as armas serão encostadas e acabarão enferrujadas.
Um referendo para apenas um item torna-se caro. O ideal é que ele seja
periódico e englobe pelo menos 5 questões.
Já que este referendo deve ter sido para atender interesses comerciais
estrangeiros, licitação para o "vencedor" da oferta
das urnas (ou mesmo dar um ar de "credibilidade" à mesma) e
para desviar focos de bandalheiras no primeiro escalão do governo, sugiro
que no próximo sejam feitas as seguintes perguntas (entre outras dezenas):
1 - Você é a favor do aborto quando o ato sexual for realizado
sem consentimento da mulher?
2 - Você concorda que as dívidas com investidores de ocasião
tenham prioridade sobre aplicação de verbas em áreas sociais
fundamentais?
3 - Você é a favor de que "para lamentares" adquiram
imunidades que os protegem da Lei?
4 - Você gostaria de manter o administrador público que foi eleito
com seu voto no último pleito?
5 - Você é a favor que nosso governo alugue (ceda) espaço
do território às potências estrangeiras como a Base de Alcântara?
6 - Você aceita que um alimento saia do campo custando R$ N,00 e chegue
à sua casa custando R$ 8N,00 ?
7 - Você concorda que o governo finja ignorar as queimadas que estão
devastando nossas florestas?
8 - Você conorda com a transposição de águas fluviais
para molhar as fazendas dos coronéis?
Se você responder NÃO a todas estas questões, se tal opção
produzir o efeito desejado, cinco anos depois não teremos mais armas
nas mãos da população ordeira.
Vila Isabel / out-2005