A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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O plebiscito que desejamos

(Haroldo P. Barboza)


Pelo padrão moral duvidoso da maioria dos integrantes do nosso governo, certamente ficamos desconfiados de campanhas que o mesmo propõe pedindo nossa participação. Principalmente se já tentam direcionar o resultado. Parece que o poder central deseja nosso aval para oficializar alguma ação danosa e posteriormente nos culpar se algo der errado.

A pesquisa sobre desarmamento certamente está sendo cogitada num momento inadequado, quando diariamente somos sacrificados nas mãos de facínoras que não temem a Lei, pois seus advogados a conhecem bem e possuem todos os atalhos (de vários preços) para mantê-los longe das grades. Nesta época em que o Estado não nos oferece a tranqüilidade mínima nem para abrir janelas na varanda para não sermos alvejados pelos "olheiros" da favela em frente, será que não temos o direito nem de tentar (em desespero e em desvantagem) defender nossa família dentro do lar?

Se a população tivesse certeza (através de fatos concretos) de que marginais são capturados, encarcerados dentro de estruturas adequadas e fossem doutrinados a aprender ações úteis que lhe dessem oportunidade de retornar ao convívio social para serem úteis às comunidades, nem haveria necessidade do cidadão possuir uma arma em casa. Se assim age, é pelo desespero em ver a inoperância das autoridades (inclusive com diversos elementos atuando dentro de quadrilhas que deveriam combater).

Dados coletados e publicados relativos a programas de desarmamento efetuados em diversos países do mundo em séculos anteriores, mostram que a violência não foi reduzida com esta medida. Na verdade deixou as populações expostas aos desmandos governamentais (larápios de gabinete) e aos desejos dos gatunos urbanos (larápios de rua). Mas a população momentaneamente em desvantagem, sempre encontra algum meio (doloroso para todos) para reverter a situação desconfortável de insegurança. Este deveria ser o foco dos governantes: também oferecer segurança para que todos possam em paz, projetar e realizar seus sonhos individuais para benefício da coletividade.

E o pior deste processo é a notícia que quase 100 armas que os cidadãos de bem entregaram ao governo espontaneamente foram encontradas nas mãos de marginais em São Paulo no início de setembro. Então todo este aparato é uma forma de doarmos nossas defesas para que corruptos as atravessem aos malfeitores que agora poderão agir com mais liberdade, sem receio de que algum cidadão mais valente (ou desesperado) lhe crie algum obstáculo. O custo deste plebiscito é muito alto, tendo em vista que apenas 0,5 % da população ordeira possui arma (após preencher dezenas de formulários). Os bandoleiros das ruas algumas vezes as buscam nos depósitos das forças armadas, sem burocracia!

A situação proposta é tão descarada, que chefes de quadrilhas nas favelas estão patrocinando camisetas e adesivos entre os moradores para que votem ... SIM ! Claro que eles são os maiores interessados que tal opção seja a vencedora!

O direito universal à vida, faz com que juizes perdoem aos que furtam para alimentar-se (ou aos seus familiares). Que tribunal condenaria uma pessoa que faça uso de uma arma (bem menos poderosa que as dos marginais) para defender sua família quando sua casa é invadida por animais que não se contentam em roubar e expelem toda sua maldade sobre crianças e idosos que não lhes oferecem resistência? No dia em que os governantes nos oferecerem condições adequadas de segurança, a população ordeira derreterá suas armas ou as jogará ao mar sem necessidade de gastos em campanhas com fins nebulosos que certamente agradam aos abutres internacionais que no caso de decidirem tomar conta de nossas fontes de água, não pretendem encontrar resistência similar a do povo que defende o Iraque.

Quem alega que uma arma em casa pode gerar acidentes fatais, tem razão. No entanto, automóvel é tão perigoso quanto uma arma de fogo. Talvez até mais, pois seu uso inadequado (bem como a falta de manutenção) ocasiona dezenas de mortes numa única ocorrência desastrada! A concessão de carteira de habilitação deveria ser mais rígida do que a concessão de porte doméstico de arma de fogo. Mas não fazem plebiscito contra os automóveis!

Dentro de casa temos álcool, detergentes, solventes, comprimidos, etc que podem ocasionar mortes pelo uso indevido. Sabendo usar, manter e guardar, a arma pode ser útil em momentos críticos. Quem está mal intencionado mata até com uma pedrada!

O índio que dorme em árvore não corre estes riscos. Apenas de cair lá de cima e fraturar um dedo. Ou ser atropelado por um grupo de animais ferozes e famintos. Quem vive em centros urbanos tem de conviver com seus equipamentos "modernos" e com os riscos que os mesmos trazem quando mal utilizados.

ALÉM DO MAIS, quando uma pesquisa é patrocinada pelo governo e ELE MESMO (junto com os que estão sob seu domínio em função de dívidas - a VARIG está oferecendo até a fuselagem de seus aviões para pintar o SIM - sem mesmo ter feito uma pesquisa entre seus funcionários) faz propaganda a favor de uma das opções, com certeza ela não é a melhor para o povo. Outra suspeita é o fato de diversas entidades estarem fazendo pesquisa e encontrando uma ligeira tendência para o NÃO, enquanto uma única rede de tv aponta 65% a favor do SIM. Será que esta efetuou a coleta somente entre os membros das quadrilhas? E nota-se pela pergunta "você é contra a comercialização de armas no Brasil?" que o desejo do governo é que a resposta seja SIM. Esta resposta certamente mudaria se fosse perguntado: "Você é contra o direito do cidadão possuir uma arma em casa para defender sua família?".

Quando realizarão plebiscitos anuais para saber se o povo está contente com os legisladores em atividade? Inclusive com a possibilidade de expurga-lo se o percentual do NÃO atingir 50 % !

Não se deixe levar apenas por estas ponderações. Nem somente pela propaganda da tv, que não lhe pergunta, mas já direciona. Agora converse com sua comunidade. Sinta seu ambiente de vida. Colete novos argumentos e decida com equilíbrio antes de outubro: NÃO !

Tendo em vista que as suspeitas urnas eletrônicas não imprimem os votos para posterior conferência, por se tratar de uma coleta simples, sugerimos que o evento seja realizado da forma tradicional, isto é, através de votos em papel. A apuração do resultado não passará de 2 ou 3 dias.

Quem terá "vencido" a licitação para realizar este pleito de R$ 200 milhões? Marcos Valério? Duda Mendonça?
Paulo Maluf? Sérgio Naia? Nabi Abi Chedid? Ricardo Teixeira? Eurico Miranda? ACM? Fernandinho Beira-mar?

Queremos um plebiscito contra a mais perigosa arma que é usada por nossos legisladores: A CANETA!

"Quando todas as armas forem de propriedade do governo e dos bandidos, estes decidirão de quem serão as outras propriedades."
Benjamin Franklin

Referendo de sucesso será o que permitir o fechamento do Congresso!

  • Publicado em: 05/10/2005
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