As principais características dos seres vivos são: paciência,
bondade, esperteza, coragem, vaidade e outras dezenas. Todos nós temos
a percepção da existência das mesmas. Acontece que grande
parte da população não se empenha em lapida-las e transforma-las
em virtudes. Acomodam-se, abandona-as à própria sorte e permitem
que sejam convertidas em defeitos. Uma boa parcela do povo cultiva a paciência
ao extremo, transformando-a em indolência ("Vamos deixar como está
para ver como é que fica"), assim como a bondade ("Coitado dele
! Deu um desfalque na caixa beneficente dos aposentados mas não merecia
ter sido abandonado pela esposa dentro de um asilo quase desabando").
Sabemos que ninguém é perfeito a ponto de conseguir administrar
todas elas no sentido de melhorar sua satisfação íntima (auto-estima)
e coloca-las a serviço da coletividade (o que lhe traria um aumento da
felicidade). Mas o pior deste contexto, é que existem elementos que preferem
praticar o lado negativo das mesmas. São os desajustados, que em certos
casos, provocam prejuízos a algumas pessoas em ações isoladas
(pichadores, gatunos, balconistas impacientes,...). Outros, quando atingem um
cargo de administração pública, causam desgraças a
uma cidade inteira (e até mesmo ao País), com suas canetadas desprovidas
de sentido lógico e ético, trazendo robustos prejuízos financeiros
para as futuras gerações, e provocando uma acentuada queda de qualidade
de vida, inclusive para os que AINDA possuem alguns meios menos dolorosos de sobrevivência.
Não somos hipócritas a ponto de estarmos propondo a sociedade perfeita.
Temos de conviver com alguns desajustados, mendigos, gatunos e espécies
similares, dentro de níveis suportáveis. Até porque servem
de parâmetro para efetuarmos comparações e valorizarmos tudo
aquilo que conquistamos com esforço ao longo da vida. Só não
podemos permitir que estes elementos nos conduzam por longos anos. Que em cada
100 escolhas erremos uma, é suportável. Acima desta taxa, demonstra
nosso despreparo em identificar o caqui no meio de uma cesta com mais 5 tomates
estragados.
E é este grupo de pessoas que está comandando os destinos de nossa
nação há dezenas de anos. Muitas delas, se deixarem de ser
reeleitas, apenas sobreviverão pelos proventos da "merecida"
aposentadoria, pois não possuem capacidade de produzir nada desejável
pela sociedade. O paradoxo do fato, é que elas são colocadas no
comando pelos que vivem sendo esfolados para manter suas (deles) mordomias e acreditam
que são felizes por terem a sorte de comer as migalhas que lhes são
lançadas do alto das belas sacadas dos portentosos castelos e a "liberdade"
de assistir brigas de galo dentro de galpões afastados dos bairros nobres
ou aos "gênios" (aqueles que pronunciam uma frase com 5 palavras)
no BBB da tv.
Existem três formas para aprendermos que temos o direito de fiscalizar
de maneira permanente os nossos representantes públicos, acompanhar o trajeto
do montante arrecadado e cobrarmos o retorno social pelos impostos que pagamos:
a) forma suave - sendo orientado na escola, desde a 1a. série, sobre nossos
deveres e direitos de cidadão, lendo e desenvolvendo atividades em grupo,
que nos mentalizem sobre a importância da prática da cidadania, que
nos enche de orgulho de termos nascido na terra que o destino definiu. Ocorre
que esta forma não interessa ser patrocinada pela elite, pois o esclarecimento
dos eleitores, vai ocasionar a dedetização dos imponentes palácios,
com o afastamento dos gordos ratos ociosos, que serão substituídos
por elementos interessados no bem comum.
b) Forma tolerante - pleito após pleito, morando em locais desprovidos
de água potável, esgotos, postos de saúde, escolas, transportes,
postos de trabalho, segurança e outras necessidades básicas obrigatórias
de serem fornecidas por todos aqueles que se apresentaram voluntariamente para
gerenciar as altas somas arrecadadas pelo sangue e suor de famintos desnutridos.
É uma maneira estressante de se obter ensinamento, que deixa feridas profundas
na alma, revolta em nossos corações cansados e decepção
de nossos herdeiros esperançados e decepcionados pela conduta de seus antepassados.
c) Forma bruta - quando as estruturas obsoletas e abandonadas pelo poder público
começarem a provocar mortes em série (nos hospitais abandonados),
prejuízos financeiros aos impedidos de estudarem e obterem meios de sustento
para a família esfomeada, eclodirá a convulsão social descontrolada
que poderá transformar nossa nação num aglomerado de esqueletos
ambulantes e desprovidos de raciocínio suficiente para reconhecer a diferença
entre um fio de macarrão e uma minhoca desbotada. Com esta alimentação
desvitaminada não teremos como impedir que nossos herdeiros sejam escravos
dos abutres que esvoaçam pelo planeta, pois não estarão em
condições nem de soletrar a palavra "liberdade", quanto
mais lutar por sua aplicação plena!