A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Amor absoluto

(Priscila de Loureiro Coelho)

No silencio da noite caminho ouvindo o nada. Minha alma pulsa emocionada pelas veredas que se apresentam ao meu olhar.

O coração queima o amor que teima em arder em toda sua extensão. Não há espaço que não esteja pleno desta sensação.

Prossigo a jornada, minha alma vibra apaixonada, explorando cada matiz desta emoção. Não existe restrição, não há limite. A vida assiste a desenvoltura deste amor que se perpetua além da eternidade.

Assim entrego-me, deixo-me guiar pela vida, sentindo-me agitada esbaforida, zelosa e cuidadosa deste amor...

Não há nada que interfira nesta história. O amor é por si só a própria glória. Vitória de um coração emocionado que louco, pulsa eternamente apaixonado.

A andança me cativa como uma dança que improvisa sua coreografia. Deixo contagiar-me pelo ritmo da estranha melodia, que embriaga meus sentidos de suave nostalgia.

Há uma leve lembrança, como se a bem-aventurança permitisse este encontro tardio. E um sombrio sussurrar do tempo, é desalento que provoca frio. O pressentir que foi somente consentido, sugere o esboçar de puro alívio.

A caminhada provoca a sensação de bem estar, pretensa liberdade que me preenche inteira, e que me convida a sonhar.

Ah! Este amor sem fronteira, que nas trincheiras da distância persevera em toda sua ânsia de sobreviver. E assim entranha-se para sempre em meu ser.

Amor incondicional, que traz dentro de si o toque sobrenatural, o traço indelével de tudo que é imortal.

Em mim esta presença amada estabelece-se definitivamente. Busco desvendar o mistério deste elo, elo que une sem jamais prender, mas que dificilmente pode se romper.

Meu coração passeia distraidamente junto à imagem que me encanta e fascina.

Há o infinito vindo ao nosso encontro, pronto a nos abraçar... Acolhendo-nos com tal facilidade que toda a maldade que há no mundo não pode ali nos alcançar.

Trago este amor espalhado por todo meu ser, em cada átomo, célula, espaço físico que ocupo. Presença amada a me cortejar. Alma delicada que junto a minha vem se expressar.

A consciência de que este amor transcende todo o entendimento me assola e por pouco não me faz recuar.

Amor que é desprendimento, contudo é loucura, deslumbramento, que derrama ternura e causa sofrimento...

Amor que apazigua porque é consentimento!

Sigo, prossigo ciente da alegria, contendo a custo um princípio de euforia que ousa me aliciar impunemente.

Ah! Tempo irreverente! Tenta desviar propositadamente a emoção. Permite que o destino atue ambiguamente, tecendo o cenário decadente da fria desilusão.Perverso movimento de deslumbramento e de traição!

Mas o coração é valente, lutador e persistente, fácil não se entrega não. A vida então, finalmente, reverencia silente, esta enorme afeição.

Passeio serena calada. A alma tranqüilizada em doce contemplação. Uma sensação fugaz, de que a vida sendo sagaz, pode me auxiliar.

O pensamento é amigo, é movimento antigo da alma que vive a amar.

Meu coração se une ao coração deste amor desde a antiguidade...bem antes que o universo tivesse idade, e que agora se chama eternidade.

Desde sempre estivemos juntos e nada há que possa nos separar. Descubro de repente emocionada, que nossas almas nunca foram separadas, e que pra sempre seguirão assim.

Eu em você, você em mim!

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