No silencio da noite caminho ouvindo o nada. Minha alma pulsa emocionada pelas
veredas que se apresentam ao meu olhar.
O coração queima o amor que teima em arder em toda sua extensão.
Não há espaço que não esteja pleno desta sensação.
Prossigo a jornada, minha alma vibra apaixonada, explorando cada matiz desta
emoção. Não existe restrição, não
há limite. A vida assiste a desenvoltura deste amor que se perpetua além
da eternidade.
Assim entrego-me, deixo-me guiar pela vida, sentindo-me agitada esbaforida,
zelosa e cuidadosa deste amor...
Não há nada que interfira nesta história. O amor é
por si só a própria glória. Vitória de um coração
emocionado que louco, pulsa eternamente apaixonado.
A andança me cativa como uma dança que improvisa sua coreografia.
Deixo contagiar-me pelo ritmo da estranha melodia, que embriaga meus sentidos
de suave nostalgia.
Há uma leve lembrança, como se a bem-aventurança permitisse
este encontro tardio. E um sombrio sussurrar do tempo, é desalento que
provoca frio. O pressentir que foi somente consentido, sugere o esboçar
de puro alívio.
A caminhada provoca a sensação de bem estar, pretensa liberdade
que me preenche inteira, e que me convida a sonhar.
Ah! Este amor sem fronteira, que nas trincheiras da distância persevera
em toda sua ânsia de sobreviver. E assim entranha-se para sempre em meu
ser.
Amor incondicional, que traz dentro de si o toque sobrenatural, o traço
indelével de tudo que é imortal.
Em mim esta presença amada estabelece-se definitivamente. Busco desvendar
o mistério deste elo, elo que une sem jamais prender, mas que dificilmente
pode se romper.
Meu coração passeia distraidamente junto à imagem que me
encanta e fascina.
Há o infinito vindo ao nosso encontro, pronto a nos abraçar...
Acolhendo-nos com tal facilidade que toda a maldade que há no mundo não
pode ali nos alcançar.
Trago este amor espalhado por todo meu ser, em cada átomo, célula,
espaço físico que ocupo. Presença amada a me cortejar.
Alma delicada que junto a minha vem se expressar.
A consciência de que este amor transcende todo o entendimento me assola
e por pouco não me faz recuar.
Amor que é desprendimento, contudo é loucura, deslumbramento,
que derrama ternura e causa sofrimento...
Amor que apazigua porque é consentimento!
Sigo, prossigo ciente da alegria, contendo a custo um princípio de euforia
que ousa me aliciar impunemente.
Ah! Tempo irreverente! Tenta desviar propositadamente a emoção.
Permite que o destino atue ambiguamente, tecendo o cenário decadente
da fria desilusão.Perverso movimento de deslumbramento e de traição!
Mas o coração é valente, lutador e persistente, fácil
não se entrega não. A vida então, finalmente, reverencia
silente, esta enorme afeição.
Passeio serena calada. A alma tranqüilizada em doce contemplação.
Uma sensação fugaz, de que a vida sendo sagaz, pode me auxiliar.
O pensamento é amigo, é movimento antigo da alma que vive a amar.
Meu coração se une ao coração deste amor desde a
antiguidade...bem antes que o universo tivesse idade, e que agora se chama eternidade.
Desde sempre estivemos juntos e nada há que possa nos separar. Descubro
de repente emocionada, que nossas almas nunca foram separadas, e que pra sempre
seguirão assim.
Eu em você, você em mim!