Uma professora, conhecida minha, muito simpática, de temperamento comedido
e bastante formal, porém um tanto estabanada, viu-se envolvida em uma
situação, bastante delicada...
O prédio da escola em que lecionava estava em reforma. Como era antigo,
e possuía três andares, exigiu todo um aparato de equipamentos
que causou um certo transtorno na rotina de todos.
A sala em que lecionava, era isolada das demais, dando para os fundos do pátio
externo. Sua turma, predominantemente masculina, da segunda série do
Ensino Fundamental, portanto numa faixa etária de oito anos, era animada
e bastante alegre.
Ocorre que certa manhã, ao chegar com seus alunos em sua sala, havia
uma corda esticada desde lá do alto do terceiro andar, e que pendia esquecida
e solitária exatamente em frente à porta da sala.
A criançada toda se agitou, já se preparando para pendurar-se,
pois era um convite tentador, esta balança improvisada.
Imediatamente, a professora reúne seus alunos na sala e passa a explanar,
com propriedade, todos os perigos que implicariam numa atitude desta, e os riscos
quanto à segurança.
Seus alunos, um tanto decepcionados, não tiveram outra escolha a não
ser iniciar seus estudos esquecendo-se da tentação que balançava
junto à porta de entrada.
Chegada à hora do recreio, os alunos se dirigem ao pátio lateral
e se entregam ao descanso merecido, com a improvisação e alegria própria
da idade.
A professora que tinha o hábito de adiantar seus trabalhos nesta hora permaneceu na sala. Em dado momento, pouco antes do sinal de entrada. Sai com
a intenção de tomar um cafezinho, mas, ao passar pela porta, observa
a corda ali, pendendo, balançando, como a clamar por um minuto de atenção,
sugerindo sutilmente que adoraria uma companhia...
A professora, olha de um lado, olha de outro e, não resiste...Cai em
tentação!... Pega firme a corda, e com o corpo dá um impulso,
depois outro e quando menos espera, está "voando" livremente
pelos espaços do pátio.
Ah.Conta ela a sensação maravilhosa que desfrutava, ao sentir
seu corpo bailando no ar displicente, apenas preso pelas mãos que não largavam
a corda, e que a prendiam para que não caísse.O momento de liberdade
que usufruía era algo deliciosamente infantil, levando-a a não
conter a risada que brotava espontânea em seus lábios.
Tão envolvida neste pequeno e singelo prazer estava, que não se
deu conta de uma presença lá embaixo.Até que em uma das voltas, vê-se cara a cara com o diretor!
Surpreso, com o olhar horrorizado e sem acreditar no que via, fala de maneira incisiva:
O que esta havendo aqui?
Imediatamente, a professora, que quase despenca de susto, vai diminuindo os
impulsos até que consegue parar, e coloca-se frente ao diretor, com o
rosto impassível, embora os olhos brilhassem como de uma criança,
e responde didaticamente, sem se abalar:
Estava me certificando que, caso algum aluno me desobedecesse, não correria
o risco de se machucar!!