Serviram-nos um coquetel feito à base de fruto de embondeiro, umas pedrinhas
de gelo e dois mindinhos de whisky velho. Vinha mesmo a calhar! Estava a tocar
uma música esquisita nas colunas, música para fazer ioga, tailandesa
ou coisa parecida. Alguém lembrou-se de queimar bosta de cavalo no meio
da sala. Em pouco tempo, o fumo proibido tomou conta das nossas almas.
Antes de apagarem as luzes da sala, uma baixinha de trintona apalpou-me o rabo.
Virei! Ela lançou-me um olhar de fêmea molhada, a morder o lábio
inferior como se quisesse me devorar frito em azeite, com umas pitadas de sal
e folhinhas de alface. Tropecei e fui cair no goto dela. Sabes, a melhor coisa
desta vida são as baixinhas; bem doces. Mais do que as altas.
Estávamos às escuras. Trinta cegos no meio de um tiroteio. Havia
uma luz fraca que vinha da cozinha; dava para ver alguma coisa. Nenhum homem
podia agarrar outro homem com o pretexto da escuridão. Mesmo assim, era
preciso andar às apalpadelas para não cair no buraco errado.
A baixinha de trintona que estava comigo, já queria entregar o ouro ao
bandido (eu!). Apertou o sexo com as coxas e começou a sussurrar obscenidades
no meu ouvido. Eu comecei a sentir o "Tito Paris" a esticar as cordas da viola. O "Tito" é assim mesmo; caladinho antes de subir ao palco. Mas quando começa a música...é um vê-la
se te avias! Levantei-me. A baixinha apalpou o terreno, desmontou a minha tenda
e engoliu o sapo gordo. É o que elas mais gostam de fazer, as baixinhas:
engolir sapos.
A Sinfonia do amor. Sussurros. Palavrões. Alguns gritos de mulher engasgada.
Homens grandes a ir e vir. A dona da casa ensanduichada por dois matulões
musculados a ferro. O amigo mulato do Nandinho a mamar nas tetas de uma vaca.
Como é que aquela vaca foi ali parar? As mulatas do Bagamoyo a darem-se
entre elas. Uma com a cara no meio das coxas da outra. Foi a primeira vez que
vi aquele pecado. Um tipo grande, segurança de discoteca, com o instrumento
na mão, sem rede . Eu, dentro da baixinha. Ela, relaxada, como se não
tivesse nada dentro.
Mudei de coito. Fui ao coito da única comestível das do Bagamoyo.
Confirmei a minha tese sobre as mulatas. Ninfomaníacas dum raio. Também...
começam cedo. Não existe em Maputo mulata de 15 anos que seja
virgem. Chegam aos 21 e só conseguem atingir o clímax com 4 homens
nus em cima.
Sexo livre, sem preconceito, sem tabu. Sou pai de duas crianças, já
fui a cama com maningue mulheres nesta vida, mas só naquela noite é
que perdi a virgindade. Eu era virgem e não sabia. Quem nunca chupou
as maminhas de um bacanal é virgem! Um velhote com dez filhos que se
orgulha de ser muito macho. Coitado, não sabe que é virgem. Muito
virgem, com borbulhas a espumar na cara e tudo isso. O bacanal é o Everest
do sexo. O Everest. Cortem os pulsos se chegarem aos 35 sem pisar um bacanal.
De manhã cedinho, procurei as minhas calças no meio dos cadáveres
aniquilados pelo prazer sublime. Encontrei-as. Meti a mão no bolso de
trás: a caixinha de preservativos estava intacta. Merda! Grande Merda!
Que se lixe! Valeu a pena. Vou mais é para casa. Estou a precisar de
um banho!