A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Despertares

(Belvedere)

Meus gestos pareciam na exata medida para agradar àquele que, paradoxalmente, se transformara em meu porto seguro, ilha de prazeres , a despeito da minha total ignorância em relação a sua personalidade no dia-a-dia.

Estaria enveredando por caminhos perigosos nessa entrega desmedida, ou simplesmente deixando a vida fluir da forma que tão deliciosamente se apresentava?

Mergulhada nesses pensamentos, vi que o ponteiro do relógio marcava meia-noite e achei por bem deitar-me, para ver se conciliava o sono. Mil pensamentos se misturavam à excitação que agora se fixara em mim, a ponto de nem saber onde começava e terminava meu eu, e em que lugar se abrigava essa nova criatura na qual havia me transformado desde que toda essa loucura começara. Um arrepio percorreu meu corpo... Sensações malucas, pensei. Sorri.

Ao longe, seu olhar indecifrável me espreita, seu sorriso cheio de nuances me inquieta, sinto seus braços e me deixo envolver.

A monotonia, agora, se passa, não encontra onde estacionar, e vou me integrando a este vibrante universo , desatando os nós que me prendiam à opacidade de dias frios e vazios.

E vou vivendo manhãs de cores, sorrindo, inventando coisas... plena daquele vigor que julgara perdido.

  • Publicado em: 06/02/2006
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