Naquela manhã, caminhando pela orla, admirava o céu azul e sentia
o cheiro de maresia, relembrando cenários de infância. Catar conchinhas,
procurar tatuís, fazer castelos na areia...Subitamente, fui tirada do
paraíso pelo som insistente do telefone celular.
- Senhora Ana Clara Cardoso ?
- Sim.
- Lamento informar que seu filho,Carlos Maurício, foi atingido por uma
bala perdida. Está morto.
Gritei um não como se fosse explodir.
Desde então, aquelas malditas palavras martelam minha mente e dilaceram
o que restou de meu coração. Três anos...
Morta estou para todo o sempre. Recuso-me a falar, a ouvir e a pensar que exista
um mundo que vibre lá fora, se nele não há mais o sorriso
de meu filho.