Quando pensamos que todos os caminhos já foram percorridos e uma calmaria
do tipo acomodação vai se instalar na vida, eis que surgem ciclones,
maremotos, vulcões...
A quem recorrer nessa altura da vida? Onde encontrar apoio? Fatos começam
a se delinear , provando o quanto necessitamos uns dos outros. Uma palavra,
um gesto de aceitação fazem com que o mundo perca a tonalidade
gris e adquira tom azul . Para mim, a esperança sempre foi azul.
Observando nossos pais envelhecerem , o que pensamos é que passarão
a depender exclusivamente de nós. Esquecemos a força que eles
têm, e o quanto podem se agigantar diante das necessidades de um filho.
Em tempos de tsunamis, precisei desesperadamente de ajuda . Não sabia
de onde viria . Caminhava em linhas tortas e, intimamente, perguntava qual seria
o rumo certo; foi quando senti que mãos firmes me tocavam, e ternos abraços
me afagavam, aquietando meu ser e indicando caminhos. Era ela, minha mãe,
me oferecendo colo e entoando acalantos. Era o amor falando mais alto, ultrapassando
qualquer barreira imaginária.
Não fosse assim, as alegrias que agora colorem meus dias não existiriam
, soterradas por pré--conceitos e indiferenças. Restaria em mim
um sorriso travado pela desesperança.
Decerto, mereci o bálsamo para a minha alma, quando, de súbito,
ela se viu fora de prumo. O mundo, felizmente, voltou a ter a predominância
do tom azul em seu colorido.