Acorda, Elza Maria!
Lá fora faz um frio como há muito não sentíamos...
Há casacões e boinas enfeitando as moças nas ruas. Chocolate
quente é toda hora pedido nas casas de lanche. O clima propicia encontros
amorosos, aconchegantes...
Elza Maria, levanta dessa cama!
Tudo é transitório. Reage! Essas dores passam, as cicatrizes tornam-se
tênues. Não penses que é o fim. É uma etapa. Já
viveste tantas lutas e talvez mais difíceis. Por que essa intransigência
agora? Por que dizes não?
Hoje fiz teus curativos e observei melhoras. A febre se foi... restou esse cansaço,
bem sei.
Trouxe um ramo de flores que deixei na sala e um tercinho, lembrança
de bisa quando eu ainda era criança. Coloquei na mesinha ao lado da tua
cama. Olha e vê como ainda parece novinho.
Há olhos te espreitando. Olhos de amor, que te chamam para a vida!
Priscilla logo chega e com ela tua estréia como avó!
Acorda logo, Elza Maria!
Sem ti estamos tão sós, a vida é tão sem graça...
Sequer coloquei o mantô que comprei em Manhattan. Achei um desaforo fazer
isso sem estares por perto.
Sairemos juntas, em alto estilo! Coloca aquele que comprou em Paris.
Acorda! Antes que venha o sol.