A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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O DESPERTAR

(Belvedere)

Acorda, Elza Maria!

Lá fora faz um frio como há muito não sentíamos... Há casacões e boinas enfeitando as moças nas ruas. Chocolate quente é toda hora pedido nas casas de lanche. O clima propicia encontros amorosos, aconchegantes...

Elza Maria, levanta dessa cama!

Tudo é transitório. Reage! Essas dores passam, as cicatrizes tornam-se tênues. Não penses que é o fim. É uma etapa. Já viveste tantas lutas e talvez mais difíceis. Por que essa intransigência agora? Por que dizes não?

Hoje fiz teus curativos e observei melhoras. A febre se foi... restou esse cansaço, bem sei.

Trouxe um ramo de flores que deixei na sala e um tercinho, lembrança de bisa quando eu ainda era criança. Coloquei na mesinha ao lado da tua cama. Olha e vê como ainda parece novinho.

Há olhos te espreitando. Olhos de amor, que te chamam para a vida!

Priscilla logo chega e com ela tua estréia como avó!

Acorda logo, Elza Maria!

Sem ti estamos tão sós, a vida é tão sem graça... Sequer coloquei o mantô que comprei em Manhattan. Achei um desaforo fazer isso sem estares por perto.

Sairemos juntas, em alto estilo! Coloca aquele que comprou em Paris.

Acorda! Antes que venha o sol.

  • Publicado em: 13/10/2003
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