A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Outono

(Cristiana de Barcellos Passinato)

Outonais suspiros dentro de uma cama vazia.Poderia estar recheada da mais macia carne para emancipar o amor de verdade. Frio, porém aquecido pelos gestos suaves, sem a menor piedade, causando arrepios infindos. Gosto de sentir esse prazer de alguém cobrindo-me os pés após o prazer e amanhecer afagada com os beijos dos pés até os lugares mais proibidos, chegando à boca sedente, querendo molhar de suor com olhar maroto. Aos ouvidos, sussurros que nunca devemos revelar. Um amor assim, não devia ser só de folhetim, deveria realmente vir à tona, mas nunca pude vê-lo. Meu amor foi como outono frio, e voou como as folhas secas, sem a menor compaixão. Deixou-me solitária e carente num inferno em vida, em chamas e dores. Seus resquícios viraram cinza e nada pude mais sentir parecido, nem o desejo, nem a fantasia. Sequei e o outono em mim brotou.

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente