Ainda era muito menina quando em meu primário, estudei o assunto, então
pouco posso dizer que sei. Só o que me pediram para decorar e eu acabei
por tentar entender, vendo filmes, ligando os fatos à viagens - bem posteriormente
no segundo grau - quando fui às cidades históricas em uma excursão
do colégio, acompanhada inclusive por alguns dos meus professores de
história, geografia, biologia e português. Meus colegas queriam
mais era farra, comidas típicas e saber sobre... a noite mineira, regada
à boa e velha cachaça ali produzida, enquanto meus professores
tentavam ministrar com suas aulas in locum, meio que descontextualizas, pois
a atenção do grupão era completamente outra diferente do
real motivo que nos levara até lá. Eu fiquei completamente fascinada
pela atmosfera daquele lugar, pouco me importando com as críticas dos
colegas, que me acusavam de estar realmente interessada nessa caminhada cultural,
histórica e escolar.
Pra quê resgatar memória, ouvir histórias de um bando de
santos e Igrejas, cujo ouro que lhes recobria nem tinha mais grande importância,
era só valor agregado a um monumento ou a um patrimônio tombado?
Tem uma parte da minha família mineira, e talvez por isso eu gostasse
tanto de saber sobre Minas e sua história - um pouco de minha história
também ali construída, mesmo que meio distante, por parte de bisavós
e tetravós que foram donos de minas em Sabará e Barbacena. Pois
então, vendo alguns filmes e passeios na minha infância, além
dessa viagem, pude guardar algo que bate mais como uma impressão do qud
de fato como uma pesquisa a fundo, aliás as próprias enciclopédias
escolares não se aprofundam muito no assunto.
Sou do tempo da Educação Moral e Cívica no currículo
escolar. Quando entrei para a faculdade, ainda se ministravam aulas de Estudos
dos Problemas Brasileiros, ou Educação Ambiental em minha grade
em meu curso. Educação Física era obrigatório...
Então, mudou muito o ensino de lá para cá: os enfoques,
as pesquisas, os questionamentos. Ainda mais sobre uma figura polêmica
como Tiradentes, de quem se ouve falar de tudo, inclusive que ele não
teria sido o principal personagem da história toda da inconfidência;
fora, sim, usado como bode espiatório, para tampar a boca de alguns,
ou esconder os verdadeiros revolucionários... Popularizou seu movimento,
foi preso, morto, virou marco da história, mas, os heróis foram
outros - os verdadeiros ficaram anônimos..
Absoluta verdade ou pura lenda, a figura de Tiradentes sempre me faz pensar
o quanto é importante discutirmos e averigüarmos os reais motivos
de muitos movimentos, que perpetuam ideologicamente o poder, e que de idealismo
libertário têm pouco, ou quase nada!