O ano de 2005 vai chegando ao fim. E triste é o fim de tudo numa vida
finita e limitada. Como sempre acontece com os outros anos na mesma época,
2005 está alquebrado, velho e sem forças. Já suportou muitos
momentos de desesperos, desesperanças e dor embora o sol tenha brilhado
intensamente em muitas ocasiões num misto de alegrias e tristezas. E
ele se vê no fim de uma estrada quase entregando o trono ao novo ano.
Certamente gostaria de dizer ao outro, jovem e exuberante que se prepare para
enfrentar de tudo e se munir de fortaleza encarando os contrastes com a mesma
paciência e compreensão.
Mas prefere calar-se, certo que cada um tem e deve viver sua própria
experiência, desejando que 2006 seja mais ameno e menos violento.
O velho ano senta-se então à beira do Rio numa sombra para espairecer
e recorda-se de todos os acontecimentos de seu reinado: Tirania, amor, ódio,
as revoltas da própria natureza, guerras, corrupções, mas
também enxerga e com bastante nitidez a bondade da maioria dos corações,
gestos de amor e solidariedade que suavizaram sua passagem pelo calendário.
Com intensa sabedoria tem consciência que assim é a humanidade,
isso representa a vida: Intempéries e dias lindos e ensolarados que lhe
proporcionaram experiência e maturidade. E saúda o ano que liderou,
mesmo já entrevendo o jovem e sedutor 2006. Ele sairá cabisbaixo
e o outro entrará cheio de glórias, mas ao menor deslize será
incompreendido.
Contemplando o infinito e vendo as duas imagens anseio por ser compreensiva
com um e esperançosa com o outro. Tenho a dizer que o mundo evoluiu,
a globalização está tornando o universo mais aconchegante,
porém precisamos lembrar dos excluídos, cujo sol ainda está
frio e distante lutando para que todos juntos cooperemos com a sua caminhada
para um futuro mais e mais promissor. É a hora de fazermos nossos acertos
de contas interiores e tomar decisões que facilitarão a chegada
do novo ano que vem aceleradamente, com muito brilho e esperando as palmas e
alegria do povo que o recebe.
Precisamos hastear a bandeira verde da esperança, a branca da paz e caminhar
com passos decididos, não apenas pensando nas festas e no pipocar dos
fogos anunciando um novo ano, mas resolvidos a lutar por um mundo menos tormentoso
e mais, infinitamente mais feliz. É a esperança que norteará
nossa vida.
E não posso deixar de dizer como o ano de 2005 me foi caro e querido,
porque realizei sonhos intensos e especialmente amados, produzi, trabalhei e
amei. Profissionalmente concretizei parte dos meus ideais com uma força
inconfundível. Particularmente também pude chorar e rir com o
mesmo vigor e isso certamente é viver a vida com energia em contato íntimo
com sentimentos, curtindo-os durante a caminhada.
Desejo dar aos meus cantos e poemas o tom da felicidade ao ver muitas crianças
portadoras de cuidados especiais que estão realizando a vida no seu ritmo,
maravilhosas em sua inocência e fascinantes enquanto evoluem e sorriem
com a felicidade e brilho nos olhos. E outras crianças carentes de recursos
que encontrarão um caminho verdadeiro, digno de um ser humano, com a
vitória de um mundo que os acolhe e guia sua estrada. Discernimento e
altruísmo aos dirigentes de todos os países e evolução
com humanidade e conhecimento. É o que esperamos do ano de 2006, aqui
nesse final de 2005, do qual nos despedimos e agradecemos os muitos momentos
de felicidade. Saudemos a esperança, a paz, respeito à ecologia
que nos traz mais equilíbrio e a generosidade entre nossos pares humanos.
Saudemos enfim nesse ano novo a felicidade que todos, sem exceção,
merecem.