A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Palavras a papai Noel

(Vânia Moreira Diniz)

Quando te conheci era tão pequenina! Mas confiei em ti, sabendo que jamais me faltarias. Olhando-te nos olhos azuis e profundos, o corpo emergindo das roupas vermelhas, sentia-me triste porque em breve voltaria ao teu continente. Por vezes, não te entendia muito bem, na tua preferência esquisita de crianças, escolhendo algumas e esquecendo outras. Mas imaginava, que um dia entenderias, que estavas errado, se é possível, na sua sabedoria prodigiosa.

Eu te esperava nos fins de ano, e ficava extasiada ao imaginar que estavas em quase todos os lugares naquele período, e que, portanto eras prodigiosamente poderoso. Ensinaste-me o valor da ilusão, e semeastes o meu caminho, de fé e crenças, que sem ti não seriam possíveis. Aprendi que o sonho é o molho especial da vida, e que, em seus recantos aprendemos a entender também os devaneios mais contrastantes, de todos que percorrem conosco, esse caminho íngreme, mas tão maravilhoso!

Quando meu irmão mais velho disse-me divertido, entre minhas lágrimas e expressão duvidosa, que eras um folclore, e que jamais exististes, a minha dor foi tão grande que se assemelhou às perdas de pessoas queridas. Não me conformava de ter-me enganado, fazendo isso com milhões de outras crianças, crédulas e esperançosas.

Mas eu te perdôo, papai Noel, pela alegria que me concedestes um dia, pela fé que deixou em meu coração, pela segurança de sabê-lo entre figuras que eu equilibrei em minha mente, num frêmito cada vez maior de certeza no horizonte que eu percebia distante.

Ficastes nas brumas do passado, mas preservado de vulgaridades, conservado entre fantasias fascinantes, e muitas vezes esteio para os momentos dolorosos que cruzaram minha vida. Quero, portanto, fazer uma homenagem a ti, meu querido papai Noel, a alegoria mais encantadora da minha existência, e de muitas pessoas que apaixonadas por ti, deixaram envolver-se pela lenda disseminada com boa fé. Lenda que trouxe em sua beleza, o sedutor caminho da esperança, na ternura de natal e no que ele expressa, no sentimentalismo do nascimento do maior filósofo e humanista do planeta: Jesus!

Obrigada Papai Noel!


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