Quando te conheci era tão pequenina! Mas confiei em ti, sabendo que jamais
me faltarias. Olhando-te nos olhos azuis e profundos, o corpo emergindo das
roupas vermelhas, sentia-me triste porque em breve voltaria ao teu continente.
Por vezes, não te entendia muito bem, na tua preferência esquisita
de crianças, escolhendo algumas e esquecendo outras. Mas imaginava, que
um dia entenderias, que estavas errado, se é possível, na sua
sabedoria prodigiosa.
Eu te esperava nos fins de ano, e ficava extasiada ao imaginar que estavas em
quase todos os lugares naquele período, e que, portanto eras prodigiosamente
poderoso. Ensinaste-me o valor da ilusão, e semeastes o meu caminho,
de fé e crenças, que sem ti não seriam possíveis.
Aprendi que o sonho é o molho especial da vida, e que, em seus recantos
aprendemos a entender também os devaneios mais contrastantes, de todos
que percorrem conosco, esse caminho íngreme, mas tão maravilhoso!
Quando meu irmão mais velho disse-me divertido, entre minhas lágrimas
e expressão duvidosa, que eras um folclore, e que jamais exististes,
a minha dor foi tão grande que se assemelhou às perdas de pessoas
queridas. Não me conformava de ter-me enganado, fazendo isso com milhões
de outras crianças, crédulas e esperançosas.
Mas eu te perdôo, papai Noel, pela alegria que me concedestes um dia,
pela fé que deixou em meu coração, pela segurança
de sabê-lo entre figuras que eu equilibrei em minha mente, num frêmito
cada vez maior de certeza no horizonte que eu percebia distante.
Ficastes nas brumas do passado, mas preservado de vulgaridades, conservado entre
fantasias fascinantes, e muitas vezes esteio para os momentos dolorosos que
cruzaram minha vida. Quero, portanto, fazer uma homenagem a ti, meu querido
papai Noel, a alegoria mais encantadora da minha existência, e de muitas
pessoas que apaixonadas por ti, deixaram envolver-se pela lenda disseminada
com boa fé. Lenda que trouxe em sua beleza, o sedutor caminho da esperança,
na ternura de natal e no que ele expressa, no sentimentalismo do nascimento
do maior filósofo e humanista do planeta: Jesus!
Obrigada Papai Noel!