A história é a tradição de um povo, evidenciando para
futuras gerações os acontecimentos e as pessoas que de uma forma
ou outra participaram dela.
Éa tradição que é transmitida às gerações
que virão, muitas vezes com certas falhas mas na verdade, sem isso não
teríamos o conhecimento de nossas origens.
Nos anos de minha infância o Brasil sofria as conseqüências da
revolução de 1964 e eu tinha alguns parentes que haviam sofrido
a dor de prisões e exílio mas na casa de meus pais e avós,
famílias de políticos, nossas perguntas eram respondidas abertamente.
E pude perceber que o Brasil não vivia em liberdade e que os militares
governavam o país em regime de exceção. Só pude votar
pela primeira vez assim como muitos e muitos brasileiros quando Fernando Collor
se candidatou, embora não o tenha escolhido. Nunca acreditei nesse homem
que falava em marajás e não dava exemplo de uma vida realmente voltada
para os sacrifícios que a época exigia.
Meu avô também regredindo no tempo, falava muito de várias
personalidades, principalmente de Carlos Prestes e apaixonei-me pela figura humana
e corajosa de Olga Benário Prestes, a alemã nascida em Monique que
aos quinze anos começara em sua própria terra o movimento a favor
do comunismo.
Apaixonada por livros históricos, passei a ler e pesquisar a vida dessa
mulher tão extremamente corajosa. Muito jovem foi viver e lutar com Oto
Braun, sendo até sua secretária, datilografava seus textos tendo
e mantinham um romance apaixonado, embora as constantes atividades não
os deixassem vivê-lo como desejavam mas acabam ambos presos e Olga após
ser libertada prossegue em suas atividades.
Sua mais importante missão foi justamente realizar uma revolução
Comunista no Brasil e fora escolhida para acompanhar Carlos Prestes e para isso
iriam fingir um casal em lua de mel. As identidades tinham que ser preservadas
para o êxito da missão E essa intimidade, o conhecimento um dos outro,
a luta pela mesma causa fizeram com que realmente se apaixonassem. Foi o grande
amor desse militar que comandou A "Coluna Prestes" e que dedicou à
vida ao comunismo.
O Brasil também seduzira a jovem porque acostumada a viver em lugares escuros
e frios, o sol, a luminosidade, a beleza do nosso país conquistaram-na
completamente.
Não vou contar a sua história, apenas prestar minha homenagem a
uma mulher cuja coragem fascina, pelo seu espírito de dedicação
e pelos sofrimentos que enfrentou em causas que idealizava.
Conhecida e admirada por vários membros da revolução no decorrer
da chamada"Intentona Comunista" da qual se tornou a chefe e com a derrocada
da revolução, foi entregue pelo Presidente brasileiro Getúlio Vargas ao Ditador Hitler
e condenada a voltar para Alemanha, grávida de sete meses e longe do Brasil
que ela amava verdadeiramente. Teve sua filha, Anita Leocádia, em dias
escuros de sofrimento.
A dor pelo que aconteceria à sua filha, leva-a quase á loucura e
na verdade Olga prestes foi rejeitada até por sua mãe.. O tormento
de Olga foi difícil, o ódio a circundava, a maldade e a indiferença
dominavam aqueles tempos e ela passava em prisões misturada a todo tipo
de prisioneiras e sofrendo pelos ideais que a levara a lutar acerbamente.
Os últimos dias de sua vida difícil e valorosa, passou em campo
de concentração nazista e morreu vítima de gás letal.
Certamente na história as figuras de várias valorosas mulheres se
destacaram e Olga fora uma dessas mulheres extraordinárias tanto que lutou
até o fim sendo torturada, chicoteada, rebaixada, humilhada e com o afastamento
de sua filhinha que não sabia para onde tinha ido e do marido que amava.
Muitas coisas se passaram e as sucessivas torturas longas e intensas.. Agora o
filme sobre essa mulher impregnada de vigor desde os primeiros anos de vida que
sofreu tormentos jamais imaginados vai ser exibido no fim desse mês mais
uma vez mostrando ao mundo que a figura de Olga Benário Prestes se eternizou
por seus atos, fibra, sofrimentos, fé, e coragem. Ela acreditava no que
fazia e por ele, um objetivo que norteou sua vida, morreu mortificada e em agonia.