A Garganta da Serpente
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Inconformismo e Protesto

(Vânia Moreira Diniz)

O inconformismo diante de quase tudo, das pequenas às grandes coisas, de um leve aborrecimento a uma intensa dor são as queixas mais usadas por todos nós, sem ao menos sentirmos o que está se passando em volta.

Devíamos começar a mostrar às crianças o que o mundo reserva para nossos irmãos menos favorecidos para que começassem desde pequenos a valorizarem cada pequena alegria e também a importância de um conforto, de uma família e de um carinho.

Ontem fui levar minha secretária a um hospital para um pequeno exame. Ela é uma pessoa maravilhosa a quem chamamos ternamente de superInês, porque parece que está pronta a resolver todos os nossos problemas domésticos e agradeço a sua presença cada dia da minha vida.

Quando chegamos lá, vimos o que podem sofrer em qualquer idade as pessoas que recorrem a um serviço médico público. E o bom atendimento deveria ser uma obrigação porque para isso pagamos tributos.

Revoltei-me ao ver como pensam cada vez menos, principalmente nos nossos velhos.

Deparamos com uma fila imensa de pessoas de todas as idades mas principalmente idosos que precisavam de assistência, pessoas doentes nos corredores do hospital em macas desconfortáveis, sem recursos, sem atendimento. Muitas piorando a cada segundo enquanto esperavam a sua vez e o governo dizendo em propagandas que tudo está bem e que os serviços estão cada vez melhores. Saúde e educação é o mínimo que o povo precisa e por isso mesmo nos entristecemos ao comprovar displicências tão abusivas.

Fiquei ali, agoniada, assistindo ao espetáculo de tristeza e de desolação, vendo as pessoas implorarem por auxílio, atendimento, piedade e a impotência que eu considero dos piores tormentos que alguém possa passar.

Fui procurar algum médico para que pudesse mostrar o perigo que cada uma dessas pessoas estava correndo mas verifiquei que não os tinha em número suficiente.

Dentro do próprio hospital, pessoas doentes não encontravam lugar apropriado e eram acomodados em cadeiras, mal instalados e sem conforto.

Essa é a realidade de nosso país. Uma triste realidade e enquanto seus dirigentes programam viagens em aviões de luxo o que mais me deprime é ter consciência que nosso Presidente já sofreu a pobreza e carência de recursos e por isso mesmo deveria pensar com mais carinho e atenção nessa obrigação constitucional. Claro que não precisaria verificar pessoalmente cada detalhe do seu governo. Mas por favor, querido Presidente, priorize .Faça com que seja cumprida a principal necessidade que é a saúde e sem a qual nem a educação poderá ser exercida. Delegue competências mas exigindo o encaminhamento e cumprimento de seus objetivos.

Sai com a minha dedicada Inês e fui a um consultório particular para que ela fosse atendida, mas a cena não sai da minha cabeça. O que fazer? Temos que lutar até o fim, para que as pessoas sejam tratadas humanamente e os velhos atendidos dentro do próprio país pelo qual trabalharam e lutaram.

Nós brasileiros precisamos também ajudar, exercer nosso direito de cidadania, exigi-lo e perguntar onde estão as pessoas que lutam pelos direitos humanos, as mesmas que defendem os criminosos que estão na cadeia pagando suas penas. Claro que terão que fazer isso mas estão esquecendo dos doentes, dolorosamente excluídos em nosso país.

E está na Constituição:

DA SAÚDE
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.


Resolvi hoje trazer esse assunto importante, para que juntos também possamos reivindicar para nosso povo sofrido a acolhida que merecem como pessoas humanas e nossos concidadãos.Nessa situação, nesse caos de falência ao atendimento à população carente, que pagou seus tributos de forma direta e indireta a vida inteira, é que precisamos realmente ser inconformados.Vamos juntos e sempre pelo menos lançando nosso protesto, exigindo a cidadania que não costumamos reivindicar e apelando para a solidariedade daqueles que trabalham em prol dos direitos humanos e que todo cidadão merece.

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