O inconformismo diante de quase tudo, das pequenas às grandes coisas,
de um leve aborrecimento a uma intensa dor são as queixas mais usadas
por todos nós, sem ao menos sentirmos o que está se passando em
volta.
Devíamos começar a mostrar às crianças o que o mundo
reserva para nossos irmãos menos favorecidos para que começassem
desde pequenos a valorizarem cada pequena alegria e também a importância
de um conforto, de uma família e de um carinho.
Ontem fui levar minha secretária a um hospital para um pequeno exame.
Ela é uma pessoa maravilhosa a quem chamamos ternamente de superInês,
porque parece que está pronta a resolver todos os nossos problemas domésticos
e agradeço a sua presença cada dia da minha vida.
Quando chegamos lá, vimos o que podem sofrer em qualquer idade as pessoas
que recorrem a um serviço médico público. E o bom atendimento
deveria ser uma obrigação porque para isso pagamos tributos.
Revoltei-me ao ver como pensam cada vez menos, principalmente nos nossos velhos.
Deparamos com uma fila imensa de pessoas de todas as idades mas principalmente
idosos que precisavam de assistência, pessoas doentes nos corredores do
hospital em macas desconfortáveis, sem recursos, sem atendimento. Muitas
piorando a cada segundo enquanto esperavam a sua vez e o governo dizendo em
propagandas que tudo está bem e que os serviços estão cada
vez melhores. Saúde e educação é o mínimo
que o povo precisa e por isso mesmo nos entristecemos ao comprovar displicências
tão abusivas.
Fiquei ali, agoniada, assistindo ao espetáculo de tristeza e de desolação,
vendo as pessoas implorarem por auxílio, atendimento, piedade e a impotência
que eu considero dos piores tormentos que alguém possa passar.
Fui procurar algum médico para que pudesse mostrar o perigo que cada
uma dessas pessoas estava correndo mas verifiquei que não os tinha em
número suficiente.
Dentro do próprio hospital, pessoas doentes não encontravam lugar
apropriado e eram acomodados em cadeiras, mal instalados e sem conforto.
Essa é a realidade de nosso país. Uma triste realidade e enquanto
seus dirigentes programam viagens em aviões de luxo o que mais me deprime
é ter consciência que nosso Presidente já sofreu a pobreza
e carência de recursos e por isso mesmo deveria pensar com mais carinho
e atenção nessa obrigação constitucional. Claro
que não precisaria verificar pessoalmente cada detalhe do seu governo.
Mas por favor, querido Presidente, priorize .Faça com que seja cumprida
a principal necessidade que é a saúde e sem a qual nem a educação
poderá ser exercida. Delegue competências mas exigindo o encaminhamento
e cumprimento de seus objetivos.
Sai com a minha dedicada Inês e fui a um consultório particular
para que ela fosse atendida, mas a cena não sai da minha cabeça.
O que fazer? Temos que lutar até o fim, para que as pessoas sejam tratadas
humanamente e os velhos atendidos dentro do próprio país pelo
qual trabalharam e lutaram.
Nós brasileiros precisamos também ajudar, exercer nosso direito
de cidadania, exigi-lo e perguntar onde estão as pessoas que lutam pelos
direitos humanos, as mesmas que defendem os criminosos que estão na cadeia
pagando suas penas. Claro que terão que fazer isso mas estão esquecendo
dos doentes, dolorosamente excluídos em nosso país.
E está na Constituição:
DA SAÚDE
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.
Resolvi hoje trazer esse assunto importante, para que juntos também possamos
reivindicar para nosso povo sofrido a acolhida que merecem como pessoas humanas
e nossos concidadãos.Nessa situação, nesse caos de falência
ao atendimento à população carente, que pagou seus tributos
de forma direta e indireta a vida inteira, é que precisamos realmente
ser inconformados.Vamos juntos e sempre pelo menos lançando nosso protesto,
exigindo a cidadania que não costumamos reivindicar e apelando para a
solidariedade daqueles que trabalham em prol dos direitos humanos e que todo
cidadão merece.