Tudo me parece tão efêmero na vida que faz com que meu coração
pulse pelas coisas mínimas e mais pueris, como um gesto, uma flor a desabrochar,
um carinho, aquele especial beijo de ternura, o abraço que me faz vibrar
a alma...
E sinto os grandes momentos que me fazem ir ao apogeu dos meus sentimentos
e das minhas glórias. Mas sei que será tão passageiro quanto
o pousar dos pássaros na janela ensolarada de minha casa.
Isso me faz lembrar que o grande Marlon Brando morreu a semana passada e vivia
ultimamente reservado, sozinho, isolado do mundo e da vida depois de ter sido
o sol de sua geração em beleza, talento, prêmios e riqueza.
Um sol continuamente ofuscado por tragédias com os próprios filhos
criados no ambiente de brilho, cercados pelas glórias de um pai astro,endeusado
pelas pessoas do mundo inteiro.
Morreu pobre quase irreconhecível pelo aspecto desleixado e sofrido
diferente das fotos extasiantes do tempo em que fora admirado, cercado de elogios
e atraindo a fascinação de fãs.
Assim foi com ele, Elvis Presley e outros ao verificarem que tudo é
muito rápido e não têm forças para enfrentar uma
realidade fria, indiferente e crua.
Não há nada que dê mais pena do que a decadência de
alguém que tinha convicção de sucesso eterno, esquecidos
da passagem inexorável do tempo sem acompanhar e compreender a sucessão
dos dias que não ignora nem mesmo o fulgor de astros e estrelas.
Era isso que estava pensando ao começar a escrever esse editorial e
tudo isso me deu forças para não desanimar nos melhores momentos
da vida, cheios de vigor, certeza e esperança.
Enquanto contemplo todos os acidentes naturais, como as montanhas, rios, o
mar que eu amo efusivamente, a doçura e amplidão do horizonte
amarelado, o sol, a lua e o brilho das estrelas e os vejo refletidos nos olhos
com força total, procuro aproveitar o instante que se passa que jamais
será igual ao outro.
Lembrei-me de trazer esse tema hoje que me emocionou ao ver tantas pessoas
que não pensam nessa efemeridade e sofrem, se desgastam e se torturam
numa vã esperança de imortalidade quando tudo na vida é
finito como a própria vida embora possa ser profundo e sedutoramente
deslumbrante.
E então senti mais força para lutar e realizar meus sonhos que
no momento começam a se manifestar realisticamente e lutar por eles nesse
momento em que vislumbro o momento ideal e mais propício objetivamente.
Mas não quero jamais pensar ou absorver idéias de sucessos ou
glórias que não se acabem nem a hipótese de um dia me isolar
desencantada com o tempo que passou sem que eu esperasse.
No momento quero pensar apenas no presente, o passado se foi e o futuro um dia
virá. Mas ainda prefiro um presente consciente e feliz. E se algum dia
obter sucesso prometo que pensarei na efemeridade do sucesso.