Custei a imaginar o nosso querido Lula como presidente da república.
Tive minhas dúvidas persistentes e levei algum tempo para crer nisso.
E nessa última campanha, senti seu carisma e quando vi estava apaixonada
pela figura do Presidente assim como muitos brasileiros. Disposta a votar naquele
homem simples sem cultura acadêmica, que tinha sofrido tantas privações
e enfrentado uma vida difícil e tormentosa.
Por isso mesmo avaliei o quanto ele devia entender do nosso povo sofrido, pobre,
sem condições quase de sobreviver. Mas para mim, Lula age como
se estivesse eternamente em campanha, palavras bonitas, sorriso franco, angariando
ainda mais a simpatia de um povo crédulo e carente.
Chego à conclusão que o poder, o sucesso e fama realmente modificam
a maioria das pessoas ou pelo menos as desviam de um caminho que traçaram,
dos ideais mais vigorosos em relação ao povo e a tudo que empreenderam.
Acredito que nosso Presidente ainda queira melhorar a vida de seus conterrâneos
e sonhe com uma nação justa, onde todos possam fazer pelo
menos três refeições ao dia como ele vaticinava. Só
não acredito que seus sonhos para com seus concidadãos sejam maiores
que a ambição e alegria ao sentir que está sendo reconhecido
pelo mundo inteiro.
O entusiasmo e a fé nele próprio se dirige muito mais para seus
ideais pessoais do que para a área social. E se ainda fala nisso é
porque essa linha é um caminho cada vez mais amplo para o sucesso.
Na realidade, os dias comuns dos brasileiros continuam assoberbados de tristezas,
sem dinheiro suficiente para pagar a comida diária e com falta absoluta
de segurança sequer para tomar um simples ônibus e ir ao trabalho.
E quando o sorridente Presidente fala em aumentar o salário mínimo
em maior proporção idealiza ao mesmo tempo um menor ganho para
o aposentado que lutou anos e anos e agora na velhice não consegue ter
a estabilidade de direitos e um valor adequado para comprar remédios
no período mais frágil de sua vida . Ou seja para cobrir um, descobre
o outro. Soluções sem conteúdo humanitário.
Creio que um governo que gasta milhões em um avião luxuoso para
as inúmeras viagens do seu maior mandatário poderia ter um salário
mínimo digno e garantir a qualidade de vida de seus velhos.
Quando o nosso querido Lula estava na campanha, tudo parecia mais fácil
e o brasileiro crédulo, visualizou mais uma vez um futuro menos incerto,
protegido e consciente.
O povo delirava, em seu entusiasmo, olhando, admirando aquele homem que ultrapassara
tudo desde a dor da fome até a discriminação de uma família
simples que se deslocara de uma região pobre e totalmente sem recursos
para o estado mais promissor do país.
Ai está o presidente Lula, um homem do povo, que sofreu, intempéries
e privações, abandonou tudo para defender o trabalhador, com raça
e determinação e que no momento preciso e vital, eleito pelo povo,
não sabe o que fazer de seus objetivos mais nobres, vertiginosamente
encantado com o poder e com as glórias da fama que brilham esplendorosamente
empanando as lembranças dos dias passados e tão recentes. Nosso
Presidente ainda está em campanha. Quer mais admiração,
mais sucesso, mais popularidade, mais gritos entusiásticos esquecendo
que o momento é de retorno e que o povo brasileiro espera na prática
um mínimo de tudo que o seu Presidente sugestionou ao lançar-se
como candidato. Já não são palavras, mas um presidente
que esteja presente em suas angústias e esperanças. Não
mais precisamos da sua delirante e carismática campanha. Precisamos de
ação...