A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Energias Renovadas

(Vânia Moreira Diniz)

O ano está correndo já levando muitos sonhos que tivemos durante seu início. E continuo a sonhar. Isso é que é especial! Prosseguimos nossa fantasia independente de realizações e voamos como se realmente tivéssemos capacidade de realizar cada pensamento dourado.

Costumo cismar em horas tardias em que posso me concentrar, sair um pouco do trabalho e enveredar no caminho fascinante de meus próprios pensamentos.Os sentimentos me despertam aquela instintiva atração pelo imaginário e finjo que vivo num paraíso eterno fazendo dele a base da minha vida atual e futura. E embarco suavemente, as ondas volteiam em mim como se quisessem dizer que a própria vida terá essas ondulações nos acontecimentos que estão por vir.

São esses momentos que considero especiais, enquanto admiro a lua cujos reflexos dourados me fazem pensar na beleza de uma noite encantada. A minha sucessão de imagens é tão grande e variada que tenho a impressão que estou em outro espaço, absorvendo sua energia e usufruindo os fluidos que emanam.

Procuro um lugar bem escuro, e fecho os olhos para que possa absorver aquele momento de terna privacidade, em que me encontro comigo mesma tentando me conhecer melhor e mais profundamente. Sinto que entro em conflito nesse conhecimento muito íntimo e procuro harmonizar docemente fazendo minha alma compreender a aridez que não costumo aceitar.

E vou me aprofundando mais e mais, querendo absorver aquelas regiões desconhecidas , adversas, irreconhecíveis, traumatizadas que eu penetro numa ânsia de coragem e vigor.

Desejo então recuar, mas não quero me desprestigiar com meu próprio interior e continuo célere e vibrante a me pedir um pouco de tranqüilidade.Finalmente posso entender uma parte do meu coração e entrar em harmonia com minha alma.

Muito tocante esse conhecimento, essa intimidade lenta e progressiva, porém extremamente necessária num caminho que mal conheço e que, no entanto é minha própria essência a gritar para se manifestar inteiramente.

Abro os olhos revigorada, mas sem saber exatamente donde venho e porque fui, estranhando todas as coisas que me cercam, sem conhecimento das figuras que me foram apresentadas e procuro voltar à vida tentando lembrar qual o próximo passo.

Minha vontade é ver o sol, mas está escuro e me consolo com o brilho fulgurante das estrelas, e o azul luminoso do céu. Pergunto-me o que virá daqui a pouco e a sensação que experimento nesse momento, pós-análise de sentimentos que encontrei de perto.

Já me vou. Sento à minha mesa de trabalho ainda tonta e procuro reconstituir meu passeio imaginário e incompreensível com energias renovadas vindas de dentro de mim. E encontro uma paz revitalizada. Não sei o que sinto, todavia entendo que estou em paz.


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