O ano está correndo já levando muitos sonhos que tivemos durante
seu início. E continuo a sonhar. Isso é que é especial! Prosseguimos
nossa fantasia independente de realizações e voamos como se realmente
tivéssemos capacidade de realizar cada pensamento dourado.
Costumo cismar em horas tardias em que posso me concentrar, sair um pouco do trabalho
e enveredar no caminho fascinante de meus próprios pensamentos.Os sentimentos
me despertam aquela instintiva atração pelo imaginário e
finjo que vivo num paraíso eterno fazendo dele a base da minha vida atual
e futura. E embarco suavemente, as ondas volteiam em mim como se quisessem dizer
que a própria vida terá essas ondulações nos acontecimentos
que estão por vir.
São esses momentos que considero especiais, enquanto admiro a lua cujos
reflexos dourados me fazem pensar na beleza de uma noite encantada. A minha sucessão
de imagens é tão grande e variada que tenho a impressão que
estou em outro espaço, absorvendo sua energia e usufruindo os fluidos que
emanam.
Procuro um lugar bem escuro, e fecho os olhos para que possa absorver aquele momento
de terna privacidade, em que me encontro comigo mesma tentando me conhecer melhor
e mais profundamente. Sinto que entro em conflito nesse conhecimento muito íntimo
e procuro harmonizar docemente fazendo minha alma compreender a aridez que não
costumo aceitar.
E vou me aprofundando mais e mais, querendo absorver aquelas regiões desconhecidas
, adversas, irreconhecíveis, traumatizadas que eu penetro numa ânsia
de coragem e vigor.
Desejo então recuar, mas não quero me desprestigiar com meu próprio
interior e continuo célere e vibrante a me pedir um pouco de tranqüilidade.Finalmente
posso entender uma parte do meu coração e entrar em harmonia com
minha alma.
Muito tocante esse conhecimento, essa intimidade lenta e progressiva, porém
extremamente necessária num caminho que mal conheço e que, no entanto
é minha própria essência a gritar para se manifestar inteiramente.
Abro os olhos revigorada, mas sem saber exatamente donde venho e porque fui, estranhando
todas as coisas que me cercam, sem conhecimento das figuras que me foram apresentadas
e procuro voltar à vida tentando lembrar qual o próximo passo.
Minha vontade é ver o sol, mas está escuro e me consolo com o brilho
fulgurante das estrelas, e o azul luminoso do céu. Pergunto-me o que virá
daqui a pouco e a sensação que experimento nesse momento, pós-análise
de sentimentos que encontrei de perto.
Já me vou. Sento à minha mesa de trabalho ainda tonta e procuro
reconstituir meu passeio imaginário e incompreensível com energias
renovadas vindas de dentro de mim. E encontro uma paz revitalizada. Não
sei o que sinto, todavia entendo que estou em paz.