A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Tadeu Bahia filosofa o filósofo Nietzsche

(Tadeu Bahia)

Com isso concluo e pronuncio meu veredicto. Eu condeno o cristianismo, levanto contra a Igreja cristã a mais terrível das acusações
que um acusador jamais tenha pronunciado. Para mim ela é a maior das corrupções concebíveis...
” (NIETZSCHE)

Nascido Friedrich Wilhelm Nietzsche, na cidade de Rocken, na Alemanha em 15 de outubro de 1844, era filho de... e de...

Os católicos ferrenhos pregavam/pregam que a loucura do Nietzsche (1844–1900), foi um castigo divino, fruto das suas injúrias contra Deus e a Religião Católica, amplamente propagadas no volume “DER ANTICHRIST, FLNCH AUF DAS CHRISTTENTUM” (O Anticristo). Porém, o paradoxo disso tudo é que as palavras enraivecidas do filósofo e pensador alemão nascem dos lábios de um homem formado em teologia e filosofia, além de ter sido professor universitário e reconhecido filósofo militante, marcante do seu próprio tempo. O seu espírito revolucionário, indócil e sempre em ebulição constante nos lembra o perfil do cineasta baiano, Glauber Pedro de Andrade Rocha, o saudoso e eruptivo Glauber Rocha, redivivo nas sábias palavras do mestre, poeta e jornalista João Carlos Teixeira Gomes através da sua magnífica obra: “Glauber, esse vulcão”.

Precisaríamos de um escritor e memorialista de mão cheia, igual ao caríssimo João Carlos, acima citado, para fazer explodir em cataclismos, os mais loucos, toda a Obra Nietzschiana, cujo principal mérito foi o de cortar o velho e desgastado “cordão umbilical” que unia, até àquele época, os conhecimentos antigos que eram alicerçados no pensamento gregoriano. Assemelhando-se ao Glauber Rocha com os seus atos intempestivos, os quais, sob a visão “normal” dos demais humanos eram considerados ilógicos e abusivos, a lógica do Glauber e a do Nietzsche se assemelham ainda ao espírito desbravador, barroco e ante a tudo vulcânico do também poeta baiano Gregório de Mattos e Guerra, quando, ao seu tempo e antecedendo em séculos o próprio Nietzsche, o então poeta baiano, à semelhança do Voltaire, voltava-se contra Deus e a Religião Católica em versos explosivos e viperinos que a nossa língua pátria pouco caso fez. Não fossem a abnegação, os esforços e as dedicações constantes do James Amado, Gilfrancisco, João Carlos Teixeira Gomes, Fernando da Rocha Perez e deste modesto autor, o próprio Gregório de Mattos e Guerra seria mais um escritorzinho fudido e de merda, sem nenhuma importância ou significação para a nossa língua, como todo e qualquer desconhecido poeta... No entanto, o Nietzsche foi o seu próprio vulcão, a sua própria e transbordante loucura, bem como as suas próprias teses e antíteses, pois escoimando de uma maneira atroz a Religião Católica, na qual dizia ser a religião dos fracos, covardes e submissos, levava o dogma da incerteza aos espíritos crédulos e demolia – com um só golpe – todas as considerações ditas teológicas sobre a pretensa criação de Deus.

O Deus Cristão não existe. O que existem são o medo e a ignorância dos homens frente aos acontecimentos materiais – alguns até aquelas épocas inexplicáveis sob a luz ainda bruxuleante e fraca de uma ciência que nem era reconhecida como tal – onde era acrescentada ainda a pouca visão e quase nenhum conhecimento científico de que não dispunham os homens daquele período, onde os acontecimentos hoje considerados os mais simples, são esclarecidos através de uma pesquisa boba no Google, na internet. Porém, na pequenez cósmica daquelas inteligências mal iluminadas de então, transformavam-se em “fenômenos”, em “milagres”, onde eu acrescento ainda que o “estado de coma” que sofreu o próprio Jesus Cristo após a sua crucificação, ao sair naturalmente do período crítico do coma, foi considerado pelos católicos de carteirinha como sendo o próprio “Filho de Deus Ressuscitado e Vivo”! Que diriam os homens daqueles tempos se soubesse que eu próprio já entrei em coma por duas vezes... Na primeira vez fiquei inconsciente por quase três meses; muitos anos depois, na segunda vez, fiquei cheio de tubos, máscaras, respirando e monitorado por aparelhos e nunca nenhum dos médicos do Hospital Couto Maia ou do Hospital Espanhol me reconheceram como um Deus ou um Tadeu qualquer ressuscitado! Por duas vezes devolveram o meu caixão às respectivas Casas Funerárias... Nem por isso subi ao céu carregado por anjos e envolto em nuvens poéticas, resplandecentes e ofuscantes!

Simplesmente voltei para casa de táxi e não carregado por uma legião de anjos celestiais...

A pequenez científica dos homens de dois séculos passados não acolhia dentro do seu pouco conhecimento, toda aquela imensa e maravilhosa gama de acontecimentos e/ou fenômenos naturais – e inexplicáveis para o seu frágil espírito, onde não encontrando palavras para ilustrar o que lhes acontecia à volta, atribuíam-nos conotações “divinas”, sobrenaturais. Para Nietzsche o divino não existe, por conseqüência, os “milagres” também não. Se o divino existisse seria o próprio Homem! Teríamos então a explicação do “super-homem”, do Super-Homem Cristão, dignificado na terra pela figura do Jesus Cristo, enquanto paralelamente os americanos criaram o Super-Homem na figura dócil e andrógina do jornalista Clark Kent... Essas palavras para tentar explicar – em paródia – como os padres criaram o seu super-homem na pessoa do Jesus Cristo, assim como os primeiros beatos, apóstolos, visionários, Abraão e o Moisés da estória bíblica criaram o seu próprio Deus e a sua corte de demônios e anjos celestiais... Para mim, quem sabe sintetizar a estória bíblica não é Deus nem o Lúcifer... é o poeta florentino Dante Alighieri, que visualizou na sua transcendente loucura medieval os cantos, recantos e os encantos do céu, purgatório e do inferno... Foi esse poeta italiano quem escreveu o “poket-book” da Bíblia, conhecido universalmente como “A Divina Comédia”!

Os homens criaram Deus à sua imagem e semelhança, não ao contrário; se fossemos criados por Deus à imagem e semelhança dele – seria muita presunção da nossa parte, meros e decadentes mortais. Criamos também a Bíblia, simples “Manual de Instruções” da Religião Católica e da pretensa e inusitada imprensa celeste, onde sobre o assunto, no seu prólogo o Gênesis ainda postula e teima que de fato Deus criou o homem a sua própria imagem e semelhança... É uma pena porque somos totalmente dessemelhantes, como profetiza o poeta barroco Gregório de Mattos e Guerra nos seus versos viperinos e maravilhosos contra os ora governantes da cidade da Bahia no século dos seiscentos: “Triste Bahia... o quão dessemelhante”. Nietsche nunca achou nada disso, ele postula o ser hiperbóreo, dignificado no super-homem nórdico, habitante das geleiras acima da linha boreal, setentrional, onde existia uma civilização mágica, e que, segundo o Apolo, seria habitada pelos próprios deuses. Falava-se que os homens hiperbóreos seriam despreocupados, sonhadores e felizes, na sua maioria poetas e compositores, ... na certa eles seriam os ancestrais dos atuais baianos...

O Nietzsche cultuava a idéia de que existiam esses homens hiperbóreos e que os mesmos já tinham alçado a um estágio superior, distinguindo-se dos simples mortais pela ausência absoluta dos sentimentos terrenos e efêmeros da piedade, tolerância, fraqueza e/ou do sofrimento. Preconizava que esses super-homens estariam sempre em um estado de contínuo renascimento e crescimento e que teriam o condão de determinar o bem e o mal, sem levar em conta os esquálidos pontos de vista da igreja, ou mesmo da atrasada sociedade de então. A felicidade do super-homem nietzscheziano, leia-se seres hiperbóreos, seria determinada através dos seus próprios valores, centrados em constantes mudanças na busca do prazer absoluto. Segundo o Nietzsche o seu super-homem não acreditaria, sob nenhuma hipótese, em Deus, ou em quaisquer espécies de deuses e ainda teriam nas suas consciências as assertivas de que somente os fracos restringem, tentam em vão impedir, o crescimento dos mais fortes. Outra contradição que pode ser observada nesse gênio é que sua aparência triste, acanhada, sobretudo tímida e freqüentemente solitária, não condizia em nada com o seu estado de espírito sempre inovador, nem com o contido nos seus escritos delirantes, sempre plenos de uma energia inesgotável, característica marcante do transloucado e sempre polêmico autor.

Diante de tudo o que o Nietsche falou com relação à Religião Católica e o Cristianismo, este autor, após ter lido Os Sermões, do padre Antônio Vieira e quando criança tendo estudado muito sobre a vida do padre José de Anchieta e do São Francisco de Assis, posiciona-se no seguinte: se Deus não existe, de que adianta hoje em dia tanta propaganda divulgada estoicamente na mídia, quando sabemos que desde as priscas eras é a própria Igreja Católica quem sustenta e divulga as suas próprias criações e lendas, os seus pretensos mitos, supostos milagres, visões e aparições de cunho celestial, bem como estórias difundidas por esses pregoeiros acima citados, que nas companhias dos antigos apóstolos difundiam pelos quatro cantos do planeta, tanto à população civilizada da época, bem como os seus escravos e a aos gentios, nas regiões mais distantes, a sua pretensa filosofia... ai é que chega o Nietzsche com suas palavras vulcânicas e destemperadas e sem mais delongas os classifica a todos na categoria de “malucos” e “louco varridos”! O José de Anchieta e o São Francisco de Assis não passavam de loucos, na visão dos seus próprios contemporâneos e ainda carregavam o epíteto chulo de simples visionários, mas que a teimosia da Religião Católica os classificou de “santos”, como santos eram adjetivados todos aqueles que faziam/fazem propagandas de Deus, das suas supostas benesses, ou garantem aos crédulos das pretensas existências de um céu cheio de anjos, virgens imaculadas e varões santificados, assim como um inferno cheio de demônios horripilantes e vermelhos, de caudas grandes e chifrudos, que sob o comando dos dinâmicos e sempre atuantes Satanás e do Belzebu, aterrorizavam os dias e as noites misteriosas, escuras e ignóbeis da humanidade.

Eis aí a propaganda da miséria, da miséria lata e mais profunda: o enganar as consciências, fazer uma autêntica lavagem cerebral naquelas pessoas ignorantes que envolvidas nas estórias fantásticas criadas pela Religião Católica e os seus seguidores, eram arrebanhados como mansos cordeiros a fim de fazerem parte do abençoado e pacífico rebanho que em breve os levaria a conquistar o Reino dos Céus. Como já dizia o Nietzsche: a Igreja Católica corrompia a alma dos seres humanos para cumprir maleficamente os seus desígnios, promovendo a “corrupção espiritual”, estabelecendo o tumulto do ser ou não ser católico no âmago daqueles homens mal iluminados de outrora, criando a sua própria “Ditadura Espiritual” cognominada de “Santa Inquisição” que agia igual a um pretenso e vingativo Deus, prendendo, torturando, estuprando, currando e matando todos aqueles que eram contra os seus dogmas... a mesma coisa que fez a inesquecível e sempre lembrada “Ditadura de 1964” no Brasil, quando foi implantado o suposto “Regime Militar” no nosso país... quando o “militarismo” tempos depois se fundiu com o “oportunismo” e nos fez frutos de uma Nação sem memória histórica, sem padrões de caráter, morais e éticos de conduta etc:. etc:. Assim como os ditadores de ocasião, lembrados no “Último Discurso” do imortal Charlie Chaplin, ainda segundo o Nietzsche, a Igreja Católica criava a sua corrupção a fim de se perpetuar ao criar nas almas dos homens o câncer maléfico do pecado, que eu classifico como: hóstia negra, cânhamo delirante, ácido lisérgico perfeito que envolveu e inebriou os fracos de espírito de todas as épocas. O Nietzsche ainda questiona na sua obra “O Anticristo” a pretensa “igualdade das almas perante Deus” classificando-a de pura hipocrisia, bem como adjetivando os “benefícios humanitários” em dinamite cristã do próprio cristianismo, palavreados esses que são contínua e ultimamente expostos nos últimos anos pelos diversos papas nas suas confusas e senis encíclicas e bulas papais.

Observo que o Nietzsche pensava, em parte, de acordo com o postulado sagrado dos Illuminati, também conhecidos como Moriah, ou seja, aqueles seres incorpóreos e belos, nobres detentores da Luz. O próprio Lúcifer cognominava-se “Estrela da Manhã” e era o membro maior, espécie de Grão-Mestre da “Nobreza Negra”, aqueles espíritos encarnados pertencentes às treze Famílias que desde muito tempo atrás e até hoje dominam o mundo, decidindo/direcionando/ditando as ordens políticas, sociais e econômicas de todos os governos da Terra. Essas famílias seriam, a saber: Astor, Bundy, Collins, DuPont, Freeman, Kennedy, Li, Onassis, Reynolds, Rockfeller, Rothschild, Russel, Van Duyn (Merovíngeos). Esse grupo seleto de Famílias faz parte da acima citada "Nobreza Negra" e como já foi dito, são elas que decidem e estipulam as regras para elegerem ou derrubar presidentes, restabelecer, criar e/ou destruir governos. Os seus membros nunca são conhecidos do público, uma vez que as suas ações e palavras são tão sutis que escapam ao exame mais acurado dos simples mortais. Seus laços familiares provêm das noites dos tempos, existindo há milhares e milhares de anos e iguais aos santamarenses, eles são muito ciosos em manter a linhagem familiar, nunca deixando corromper ou quebrar esses laços. Lastreiam-se em dois sólidos pressupostos que são o Ocultismo e a Economia, cadê os nossos amigos judeus... Detém sob o seu poder todos os bancos internacionais, bem como companhias de petróleo, são donos das melhores indústrias e redes comerciais mundiais, inclusive no setor de automóveis, armas de fogo e alimentos, armamentos nucleares, incluindo o comercio e as telecomunicações, dominando atualmente o mundo virtual através da Microsoft, conseguindo através de hábeis diplomatas e políticos, deter em suas mãos a grande maioria dos governos, controlando-os à distância, ou presentemente, quando necessário. O Ocultismo, a prática ancestral da magia negra freqüentemente ocorre nos cultos e rituais satânicos e secretos praticados pelos Illuminati em todos os pontos da Terra, quando, através de práticas ocultistas e cerimoniais, controlam e manipulam as massas em quaisquer pontos do planeta. Salve o Leonardo da Vinci!... que no passado foi o Grão-Mestre dos Illuminati do seu tempo, cuja história contaremos em outra ocasião!

Não obstante o acima exposto, nunca se ouviu nenhum comentário e tampouco não existem quaisquer documentos por escrito os quais comprovem que o Nietzsche fosse iniciado em sociedades secretas, ou não, tendo em vista a sua natureza explosiva, vulcânica, instável e temperamental, em conseqüência o seu espírito inquieto e indomável nunca conseguiria guardar dentro de si nenhum segredos. A sua iluminação maior veio de dentro de si mesmo, tal o Lúcifer, o qual possuía luz própria e bastava-se com a sua infinita, magnânima e iluminada loucura. Pensadores, poetas, demiurgos, magos e bruxos, historiadores, ciganos e filósofos do tope do Nietzsche estão presentes em todas as épocas da história da humanidade. Desde o suposto Adão, seguido pelo Noé, Abraão, Matusalém, Maquiavel, Maomé, o apóstolo João Batista, Platão, Aristóteles, Leonardo da Vinci, Sir Francis Bacon, Descartes, o iluminado Voltaire, Gregório de Matos e Guerra, Paulo Garcez de Sena, Galileu, Epicuro, Charlie Chaplin, Dante Alighieri, Cícero e outros sábios que sob as auras abençoadas das suas centelhas espontâneas, dotados de uma inteligência superior e invulgar, sacudiram os alicerces, os parâmetros até então conhecidos, abalando com as estruturas frágeis dos pseudo-s - conhecimentos dos cosmos e das coisas do mundo, que até então determinavam/manipulavam/influíam/geriam os destinos espirituais – leia-se: religiosos – de todos os povos da terra. Ressalto, no entanto, as posições firmes e irresolutas das poetisas santamarenses e baianas Amélia do Sacramento Rodrigues e Mabel Veloso, as quais através a prática diuturna do catolicismo, conceberam versos maravilhosos e belos que hoje emolduram a literatura brasileira, quiçá universal. Apesar de ser bem casado com a minha atual esposa Sueli Rocha Lopes, continuo loucamente apaixonado pela Mabel Velloso e sobretudo a minha inesquecível Lala Velloso, embora ame desesperadamente e por toda a vida a minha pequena e doce Sueli, lembrando daqueles versos antigos dos poetas e compositores Tom Jobim e Vinícius de Moraes, naquela memorável e imorredoura canção, que tocará com toda a certeza nos meus funerais:

C7+
Eu sei que vou te amar
Ebº                    Dm7
Por toda a minha vida
G7/5+
Eu vou te amar
G7              Gm7               F#7/5+
Em cada despedida eu vou te amar
F7+                                            Bb7/9
Desesperadamente eu sei que vou te amar
Em   Ebº Dm7   G7/5+ G7 Em7   A7/5+
E cada verso meu será pra te dizer
D7/9
Que eu sei que vou te amar
G7/5+           G7
Por toda minha vida
C7+

Toda vez que lembro essa minha última vontade à Sueli, ela enche os olhos de lágrimas e manda-me calar a boca e deixar de falar maluquices, mas faço questão absoluta de deixar bem claro que se esta música acima não for tocada no meu funeral, eu me dano e mais uma vez saio do caixão e volto a viver novamente... Aliás, com música ou sem música o importante é viver, uma vez que até os surdos de nascença conseguem ouvir a sua própria música!

O Nietzsche era o “Espírito de Negação” do filosofismo não idealista proposto pela Religião Católica, significado nos seus padres andróginos e aveadados, nas suas freiras lésbicas e outras mulheres donzelas, não comidas e nunca assistidas sexualmente, todos eles (elas) mal dirigidos(as) para o exercício de uma castidade patológica e irreal, onde ancorados(as) por uma tosca e decadente formação pastoral, embasada em símbolos e caracteres irreais, embebedavam-se, drogavam-se com estórias românticas e absurdas acerca da suposta origem de um Deus que tudo sabe, tudo governa, tudo dirige e previamente estabelece... o retrato típico e obscuro de todos os ditadores, Napoleões, Getúlios Vargas, Stalins e Hitleres de todas as épocas. Todavia, antes do Nietzsche ser caracterizado como o filósofo da negação, foi um estudioso da Religião Católica que logo adiante a renegou, fazendo-me lembrar de recente entrevista do Nelsinho Motta com a Da. Canozinha Velloso, mostrada em meados de julho de 2009 numa rede televisiva, quando a ilustre matriarca foi perguntada sobre o suposto ateísmo do compositor santamarense Caetano Veloso, propagado aos quatro ventos desde o início da década de 1970 pelo ora nominado cantor, o qual se autodenominava como sendo “o avesso do avesso”. Somente nos dias de hoje, depois dos sessenta anos de idade, é que o epíteto do Caetano se acomodou e tivemos das suas concepções ateístas, apesar de ainda propagar-se ateu, as nossas dúvidas em parte dirimidas através das palavras firmes e nonagenárias da adorável, doce e querida Da. Canozinha Velloso, quando a mesma na entrevista acima mencionada, ao responder ao Nelsinho Motta sobre o ateísmo do Caetano Veloso, que o mesmo não era ateu e “...que tudo aquilo era maluquice dele, pois quem anda com a medalhinha de Nossa Senhora no pescoço não é ateu coisa nenhuma!” Aí estão manifestadas as palavras que falam da incerteza exposta nas aferições ditas ateístas do Caetano Veloso, que sob o meu modesto ponto de vista nominou-se ateu para entrar na moda, em confronto com a resposta irrefutável e universal da sua Mãe, a Da. Canozinha Velloso, que até os dias de hoje alimenta o seu Espírito iluminado nos ditames católicos do final do Século XIX até os dias atuais. O Nietzsche, caso estivesse vivo, sorriria dos dois: da incerteza ateísta-intelectual do Caetano e da certeza imutável e doce de Da. Canozinha Velloso. Sou testemunha presente e ocular de que a Família Velloso sempre anda a se reciclar espiritualmente, que o diga a famosa “Trezena de Santo Antônio” que ocorre todos os anos na casa da Mabel Velloso, no bairro barroco do Tororó, em Salvador - Bahia, cujo altar trezenal é refeito dia após dia pelo primogênito Rodrigo Velloso, sob os olhares curiosos e abençoados da minha Lala, ainda da Belô, Jú, Jorginho e Aninha Velloso.

No contraponto destas linhas, acrescentamos que a origem intelectual do Nietzsche punha dentro do seu Espírito conturbado, sob o véu das suas certezas absolutas, todas as incertezas absolutas dos clérigos, beatos, padres e demais católicos que deambulavam crentes na suposta ressurreição que era/é constantemente comentada e relembrada nas sacristias toscas e mal iluminadas pelo mundo afora, em altares antigos e enriquecidos de ouro, prata e púrpura, demonstrando no seu régio aparato e riquezas materiais, o contraste pregado próprio Jesus Cristo, caracterizado pelo seu Evangelho de Humildade, nos fazendo recordar da figura mágica e mística do saudoso e querido Dom Hélder Câmara nas suas pregações ditas comunistas, sob os olhares desconfiados do Regime Militar de 1964. Dom Hélder Câmara nos lembrava um autêntico pregador camponês, compondo o seu rebanho às feições do próprio Jesus Cristo, pregando aos humildes, aos camponeses sem terra, levando palavras duras contra os latifundiários, exploradores da mãos de obra baratas e às vezes gratuitas do homem do campo, sugando-lhes as energias em seu próprio favor, bem como declamava históricos sermões e homilias contra os presidentes e autoridades militares de então. Não tenho informações oficiais de que tentaram assasiná-lo durante a escura e escusa vigência do Regime Militar, mas de nada duvido, mas Dom Hélder Câmara - a semelhança dos Mestres Maçons - nada falava, nada comentava, no entanto trazia a todos nós a magia translúcida do seu sorriso sábio, abençoado e fraterno. Todavia eu entrevia sob a manta sagrada do seu sorriso doce, as auras facilmente perceptíveis das ameaças veladas que pairavam silenciosas, férteis e assassinas contra a sua iluminada pessoa, a qual, apesar de pequenina e frágil, demonstrava a sua força acurada e febril através da potência intelectual e feérica das suas palavras eloqüentes e verdadeiras, dando-nos autênticas lições de Democracia e, sobretudo , postulados morais e éticos que nunca existiram no coração e na consciência do Nietzsche, o qual, antes de tudo, foi um ser paradoxalmente iluminado, pois o Nietzsche nada tinha de obscuro no sentido mais lato do termo, ele tinha a sua luz própria, era igual ao Satã ou ao Lúcifer, sendo realmente possuidor de um espírito alto - iluminado, polêmico e absolutamente contraditório em relação aos dogmas e filosofias propostas pela Religião Católica e os seus seguidores, quando esses faziam as suas ortodoxas manifestações, exercidas nos altares medievais e barrocos das inúmeras igrejas cristãs pelo mundo afora...

Desde criança o pequeno Nietzsche era um aluno brilhante, logo apelidado pelos seus colegas de "pequeno pastor", tendo em vista serem os seus avós pastores protestantes. Ganhou uma bolsa de estudos aos 14 anos para Pforta, onde estudou e obteve ganhou fluência em grego e latim, oportunidade em que começaram os seus primeiros questionamentos contra a Religião Católica. Dando seqüência aos seus estudos, rumou para Bonn com o objetivo de estudar filosofia e teologia. Mais tarde, por intermédio de um dos seus professores, foi residir em Leipzig com o objetivo de estudar filologia e aos 24 anos foi nomeado professor de filologia clássica na Universidade de Basiléia, oportunidade em que apresentou o seu primeiro trabalho de ordem acadêmica, intitulado: "A Origem e Finalidade da Tragédia", escrito no ano de 1871, exatamente no mesmo período em que conheceu o renomado compositor Richard Wagner, o qual residia numa casa de campo, situada bem próxima ao lago de Lucerna, imediações de Tribschen, onde buscou e verdadeiramente encontrou refúgio, tranqüilidade e inspiração, não só para acomodar, ao seu modo, o seu inquieto Espírito, como também para criar as suas criações filosófico-literárias, quando ainda em 1871 publicou o seu primeiro livro, "O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música", sendo bastante influenciado nas obras do Wagner e do Schopenhauer. A estadia do Nietzsche na Universidade de Basiléia foi efêmera, somente por curtos oito anos, pois no ano de 1879 começou a ter intensas e constantes crises de cefaléia, originados por problemas de visão e já manifestava dificuldades para se expressar, interrompendo as suas tarefas universitárias por um ano. Ao tentar voltar as suas atividades acadêmicas, passou por problemas nas cordas vocais que tornaram as suas palavras quase inaudíveis, quando no ano de 1879 e praticamente cego, Nietzsche abandona de vez a universidade, dedicando-se exclusivamente à escrita. O reconhecimento dos seus escritos chegou tardio, já perto da sua morte, ocorrida em 25 de agosto de 1900 quando ainda contava 56 anos, na mesma idade em que faleceu em 1998, na Bahia, o compositor, letrista e também polêmico poeta baiano, Paulo Garcez de Sena.

Homem sempre apaixonado e nunca correspondido, apesar da sua loucura o Nietzsche também passou por problemas sentimentais quando foi rejeitado pela Lou Andréas Salomé, jovem finlandesa com quem pretendia se casar, ocasião em que ficou bastante abatido, diante desse amor verdadeiro e desbragado nunca correspondido. Sempre digo que às vezes a falta do amor aborrece, mas quando ele existe e é o nosso verdadeiro e único Amor, este realmente nos adoece e nos tornamos fragilizados e mártires da nossa própria paixão. Por causa desse fracasso amoroso o Nietzsche voltou a residir nas companhias da sua mãe e da irmã Elisabeth, vivenciando um quadro patológico de muita solidão e visível sofrimento.

Lembro das minhas crises emocionais de paixão doentia vividas no final da década de 1960, precisamente em meados de 1968/1972 na pequena e romântica cidade de Amélia Rodrigues, situada no Recôncavo da Bahia, perto de Santo Amaro da Purificação, no auge do Movimento Tropicalista e ainda no esplendor dos meus 16 até aproximadamente 21 anos de idade, quando fui rejeitado fragorosamente ao pedir uma colega de ginásio em namoro, justamente quando ela seria realmente a minha primeira namorada e eu já contava como casamento certo. Sonho inútil... Igual ao Nietzsche também nunca foi correspondido! Vivi anos de muito sofrimento e dor, seguidos de momentos ansiosos e neuróticos de quase loucura, ficando constantemente instável e visivelmente nervoso, atrasando em muito o meu futuro bem como retardando o meu ingresso na Universidade, prejudicando-me enormemente nos meus estudos, naqueles anos tumultuados e marcantemente insones da minha vida, quando saía a beber naquelas noites inesquecíveis e maravilhosas na companhia boêmia e esculachada dos amigos e era freqüentemente encontrado no prostíbulo do “Morre Sem Vela” a dormir nas companhias de mulheres dadeiras e suspeitas.

Naquela época encantada no início da década de 1970, quando o uso da maconha já engatinhava os seus primeiros passos mágicos pelas ruas, praias, teatros, na alta sociedade e universidades em geral, no próprio meio artístico-cinematográfico-musical, bem como nos morros, ladeiras e modestas vielas nacionais, tivemos muitas cabeças mal informadas no país que foram de encontro da prática ora em nascedouro, quando a maioria dos neo - fumantes foram subjugados com brutalidade e conseqüentemente castrados no seu direito de fumar a maconha, através da truculência de militares mal preparados, oriundos de uma gestação de policiais incompetentes, de baixo e rudimentar quociente intelectual, os quais eram regidos sob força coercitiva de um regime político autoritário e imbecil, quando os usuários eram ainda excomungados pela mesma Igreja Católica que o próprio Nietzsche desde o século passado já escoimava, sendo freqüentemente detidos e barbaramente espancados pelas pretensas autoridades policiais de então. Nesse período de castração intelectual e fúria apolítica, obscurecido pela ira ensandecida das autoridades militares de plantão sediadas nas casernas palacianas em Brasília, as pessoas da cidade de Amélia Rodrigues me achavam um louco de marca maior, sem saberem as verdadeiras razões dos meus sofrimentos. Naquela época eu usava os cabelos longos e mal penteados, roupas extravagantes e coloridas, colares de metal e miçangas penduradas no pescoço, sandálias franciscanas nos pés, num autêntico visual “hippie”e pregando a filosofia “make love, don't war” enquanto ouvia as baladas românticas dos The Beatles, Jane Joplin, Jimi Hendrix e Rolllies Stones, enquanto a guerra do Vietnam ceifava a vida de milhares e milhares de jovens inocentes.

Todavia esses momentos de angústia e desamor foram mais tarde superados quando eu conheci vinte anos depois - já no ano de 1988 - a pequenina e meiga Sueli Rocha Lopes, que hoje é a proprietária absoluta e inarredável do meu ora remediado e sofrido coração, detendo em suas mãos carinhosas e suaves a respectiva escritura de posse. A minha Sueli é sobrinha do inominável jurista e reconhecido homem público Prof. Dr. Josaphat Marinho, com quem eu já mantinha relações cordiais de admiração e amizade em freqüentes encontros desde os meus verdes anos, em seminários e mesas-redondas, encontros acadêmicos e palestras, tertúlias jurídico/literárias e também participando em homenagens de cunho histórico dedicadas às personalidades das letras baianas ou nacionais, bem como em lançamentos literários na Academia de Letras da Bahia, estando pela última vez na companhia do mesmo na ocasião do enterro do saudoso deputado baiano Dr. Luiz Eduardo Magalhães, ocorrido no mês de abril do fatídico ano de 2001, quando nos cumprimentamos e trocamos o nosso último e fraternal aperto de mão.

Falando em maconha, o iluminado Nietzsche fez uso e abuso do ópio e do haxixe, com o objetivo de curar-se das suas enfermidades. Automedicou-se e sofreu adiantes as conseqüências do seu funesto ato, quando...

(Agora, os nossos manuscritos de 08.07.2009...)

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