A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Uma gargalhada

(Armando Sousa)


Morrer, que palavra terrível, quando vivemos de amor, quando a gargalhada entoa saída do nada.

Ah... assim e a alegria que entra e mora em nosso ser.

Acontece nessas manhãs em que ela surge em roupão espreitando e abrindo a caixa do correio.

Não precisamos de morrer de vergonha de nos entesar... e se não houver outra solução... usar a esquerda e direita ate a total erupção.

Nem tão pouco pensar em morrer, sim, sim, morrer de amores, e tu sabes que ela pode ser feia, mas nesse momento é a mais bela, que existe em nossa imaginação.

Nesse momento imaginamos o que seria um encontro pelados...

Quantas vezes nossa vida no mundo parece complicar-se por tempo infinito

Isto quando vez a cortina aberta e o espelho... vês a Afrodite a deixar cair o roupão,

Ho, que emoção, que mal a podes controlar...

A serenidade desaparece, e a gargalhada sai, quando realizas no que estas a pensar e a cena que estas fazendo.

Quantas vezes, com um não sei o quê nas mãos, apertando-a sem saber porquê.

Já cá fora, ali ficas assobiando olhando o alto das arvores como estando procurando ninhos...

Teus ouvidos te acordam da nostalgia em que caíste; estremeces ao ouvir aquela vos cheia de doçura a dar-te os bons dias.

Tens bem a noção que a vos e da vizinha; aquela Afrodite que te fez explodir junto ao vidro da janela da garagem, o mais puro de ti.

Hooo... aquele bom dia... bom dia Rosa... acordaste-me de um sonho lindo.

Rosa com aquele sorriso maroto... posso saber em que sonhavas?...

Ah senhor... a verdade... quantas vezes se tem de engolir...

Assim não podemos dizer que somos livres; nem a verdade se pode dizer... tudo tem limites e fronteiras...

Mas quantas vezes atrevidamente. se inicia um amor proibido.

Quantas vezes a verdade e adivinhada e é correspondida, o desejo e o amor não conhece limites.

A roda do destino gira... este destino infatigável que governa nossa vida, faz-nos pecadores e a traição e consumida.

Foram os olhos que morderam a visão, entraram através do roupão; fizeram-no cair... a mente desnudou o corpo e o fez duma Afrodite desejável ao egoísmo.

Imagina poder-se rolar com a macieza do desejo, nascido na mente dos olhos.

Muitas vezes quando a voz se liberta nasce o milagre.

Pecado que nunca haverá agua que o lave... ficamos com a cabeça como um penedo.

Semeamos a raiz que continuara a vida e a traição; por enquanto não pensamos em morrer, ainda temos vida e desejo.

Isso nos basta para uma grande gargalhada.

(de Toronto, Ontario - Canadá)

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente