A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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O Destino

(Armando Sousa)

Creio que temos de ser aquilo que nunca pensamos ser...verdade fiquei órfão aos cinco anos, minha mãe sem trabalho nem dinheiro, com mais dois irmãos, sete e dez e uma irmã de 13 anos todos sem trabalho...

Sim... todos conhecemos a miséria, doença, fome e desdém.

Desde cedo minha mãe nos ensinou a história do menino e a agulha...que a honestidade um dia teria o pago... mas o ladrão o pago seria a prisão.

A vida de minha mãe foi muito difícil, sabendo do que seria preciso sem nos poder dar, mesmo sabendo que o choro nada nos poderia dar, em frente de certa gente tinha de rir para os desconcertar, com seu riso dizia mesmo pobre... a minha honra não podeis comprar.

Como existia honradez e força de vontade cedo fomos trabalhar, ganhar muito pouquinho, no nosso lar estava cheio de carinho.

Pobre, muita pobreza, mas assim cresci, namorei e tarde me casei com a mulher que hoje fez seus setenta e um aniversários.

Chorei ao pensar e ao dizer a meus filhos e netos, obrigado deus de todas as areias e de todas as estrelas, deus que nunca vi ou conheci, mas que sempre me acompanhas-te, me estendestes maças verdes, para mi fizestes crescer cristas de silvas e muitas amoras, muitos pinheiros para matar a fome com pinhões, me deste o chão para aprender a escrever as primeiras letras.

Obrigado Deus, por me dares sentimento para poder amar e compreender... muitos não deveriam nascer enquanto tu não semeares um mundo de amor.

Tu sabes que tantos nascem para sofrer, e os médicos sabem disso. Então o porque de tanta hipocrisia?

Enquanto não semeares igualdade comparativa, enquanto não terminares com as falsas religiões que são a causa de todas as guerras, de tantas ambições.

Queria-te dizer obrigado por me dares um destino cheio de peripécias, cheio de alegrias e de surpresas...como ia dizer, chorei, ao pensar que tive de deixar minha mãe órfã de mi... meus irmãos quase sem irmão; minha esposa deixou seus pais e irmãos órfãos de seu amor, de seu calor de sem carinho... mas foi para vir em procura de pão, para meus filhos...mais uma vez agradecia a deus e a meus filhos por com 74 anos ainda não estar órfão de vosso amor, de vossa presença, de vosso demonstração de carinho.

Mais uma vez agradeci a deus, aquele Deus de que ando a procura, por encher o mundo de língua Portuguesa com minhas poesias, sem que eu recorra a falsidades ou hipocrisias. Por dar inteligência para que a ciência avance.

Sem ter oportunidade de canudos... apenas com três anos de escola.

Meus anos foram dados ao trabalho, fiz de tudo e do que pude fazer.

Escrevi cerca de mil poesias, escritas depois de me reformar, entre estas, centenas de contos e crónicas...

Aqui estou perante vocês agradecendo adeus meu destino, por me ter guiado através destes dois continentes, onde nasceram meus filhos, tornando a família numa das mais internacionais, sem existir em nós a cor da raça, ou o racismo a cor.

A minha querida esposa desejos que seu aniversário se possa festejar por muitos anos, porquê ao outro dia se festeja o aniversário de nossa uniam perante os homens e Deus.

Seguindo sempre abraçado a nosso destino.

(de Toronto, Ontario - Canadá)

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