O cariri paraibano está em festa de cores e cheiros. É primavera
no cariri e ele se veste de flores de todos os tipos. Claro que a vegetação
própria dessa região possui flores diferentes daquelas que estamos
acostumados a ver. Acho que a noção da gente em termos de flores
são sempre as flores que vieram de fora. Principalmente as européias.
As flores nativas, crioulas, típicas da região, quase sempre não
aparecem. Tive a maior dificuldade de selecionar essas poucas que vocês
estão vendo. Mas a diversidade é grande e a singularidade das
flores do semi-árido é única.
É fundamental explorar comercialmente as flores do cariri paraibano.
O SEBRAE vem desenvolvendo um projeto na região, que se iniciou por Monteiro,
que vai dando fruto e se estendendo pelo cariri gerando empregos e renda. Mas
essa é apenas uma das formas de se criar alternativas para o avanço
comercial e tecnológico da região. É preciso ser mais ousado,
promovendo concursos públicos de fotos de flores, vegetação
exuberante e paisagens do cariri. Elas precisam virar estampas, designe, botões,
cartões postais, lembranças, replicas e adereços para a
comercialização da marca cariri paraibano.
Sei que no cariri se desenvolve um mercado diversificado em couro, linhas,
palha, gastronomia, barro e expressões artísticas. Mas precisamos
ousar mais. Fazer mais, comunicar mais. Lembro de uma experiência que
acontece numa cidade mexicana onde existem vários sítios arqueológicos
(e que existe também no cariri). As inscrições rupestres
existentes nessa cidade do México viraram marca e foi desenvolvido todo
um artesanato em pedra (o que existe em abundância no cariri). Eles reproduzem
essas imagens rupestres em pedras e vendem aos visitantes. Veja só, lá
no México se transforma pedra em dinheiro. E por que nós não?
É preciso estabelecer de vez essa mentalidade empreendedora
que já existe de forma latente no povo caririzeiro e colocá-lo
a serviço do desenvolvimento sustentável da região. Da
minha passagem como consultor do SEBRAE para a implantação do
Programa Empreendedor Cultural, coordenado na época pelo economista e
artista visual Martinho Campos, ficou a certeza que trilhamos os caminhos da
ousadia e do rompimento com o paradigma de que no cariri não se
produz nada além de que cabra, leite e mormaço. Desenvolvemos
lógicas que levaram grupos de artistas a se desenvolverem e atingirem
outros patamares de desenvolvimento.
Hoje, grupos folclóricos de Zabelê, Alcantil, Cabaceiras, Monteiro,
Sumé, Gurjão, Camalaú, Prata, São João do
Cariri e Taperoá são conhecidos na região e alguns já
nacionalmente e internacionalmente como é o caso do grupo Folclórico
de Taperoá. Por tanto, faz-se necessário implantar uma outra lógica
e cair em campo para fazer valer a qualidade do produto e da marca cariri
paraibano. Não dá mais para ficarmos de pires da mão
esperando o poder público entender que a cultura existente no cariri
pode e deve ser viabilizada como geradora de dividendos para a região.
Um pouco mais de ousadia faria a maior diferença. Por todos os atores
envolvidos com o Cariri paraibano.
Mas é primavera no cariri. Faça uma visita. Você vai se
surpreender.