Todos nós sabemos que o patamar de impostos pagos hoje pelos trabalhadores
passa dos 40% do que ganhamos. E ai começamos a perceber que quem mais
paga impostos no Brasil é quem menos ganha. Se o Governo Federal e o
Congresso Nacional querem fazer justiça a essa injustiça, sugiro
algumas medidas que poderiam de fato redistribuir renda e garantir a melhoria
de vida da classe trabalhadora. Mas como fazer isso se a classe trabalhadora
não está no poder e quem estar não tem o menor interesse
de mudar o que está estabelecido? Aos trabalhadores só resta à
luta e o confronto com essas forças do atraso e da exploração.
Fico animado quando vejo os metalúrgicos de volta as ruas. Precisamos
cobrar mais as mudanças necessárias. E nada melhor que a pressão
para que as coisas mudem por aqui.
De uma forma muito simplificada a Justiça Fiscal começaria com
a obrigatoriedade de TODOS os brasileiros terem um CPF (o que a maioria já
possui). De posse disso, o Ministério da Fazenda, conjuntamente com a
Receita Federal, definiriam as faixas salariais e as alíquotas de impostos
a ser cobrados. Quem ganha até R$ 2.000,00 reais ficaria isento de pagar
imposto embutido nos preços dos produtos e dos serviços. E daí
por diante, outras faixas salariais com as suas respectivas alíquotas.
O trabalhador ao fazer suas compras ou pagar uma conta, bastaria informar o
seu CPF e ai ver a faixa de impostos em que ele estava enquadrado e o desconto
seria feito diretamente no caixa. Para quem ganha até R$ 2.000,00 reais
todos os impostos incidentes nos produtos e serviços adquiridos seriam
isentos.
Se o Governo Federal, com o apoio do Congresso Nacional, quisesse de fato
fazer uma redistribuição de renda e acrescer o poder aquisitivo
dos trabalhadores bastaria essa medida para que, na prática, a classe
trabalhadora desse país começasse a ter algum alento e melhoria
de vida. É extremamente injusto cobrar imposto de forma linear, embutido
nos produtos de consumo e serviços. Como aceitar que um trabalhador que
ganha um salário mínimo, compre um pacote de café por R$
2.50 centavos e nesse preço esteja embutido impostos de 17% sobre o valor
do produto? Já outro trabalhador que ganha dez salários mínimos
compra o mesmo pacote de café pelo mesmo preço do trabalhador
de salário mínimo e paga a mesma alíquota de 17%. Isso
é extremamente injusto. Se quiser fazer justiça, que tal começar
desonerando a carga tributária para quem ganha pouco?
Muitos dirão que isso é uma utopia e que a arrecadação
de impostos iria cair muito. Basta cobrar mais de quem ganha mais e cobrar menos
de quem ganha menos ou simplesmente não cobrar nada ou um imposto simbólico
de 1% até um patamar em torno de R$ 2.000,00 reais. Fixo esse teto baseado
nos estudos do DIESSE que apontam esse valor para o que deveria ser o salário
mínimo hoje (R$ 2.014,73 - ).
Já que não dá pra pagar esse salário agora, poderíamos
começar preservando o poder de compra da classe trabalhadora desonerando
ou mesmo zerando os impostos embutidos em produtos e serviços. Agindo
assim, faríamos uma verdadeira revolução no trato da Justiça
Fiscal, tão necessária e urgente para fortalecer nossa economia.
Resta saber até onde o Governo Federal e o Congresso Nacional têm
coragem de bancar uma proposta como essa. E como classe trabalhadora não
nos resta alternativa, a não ser exigir mudanças para que tal
situação venha ocorrer. Pois enquanto perdurar essa injustiça
- de quem ganha menos paga mais e quem ganha mais paga menos - só perpetua
a injustiça fiscal. E só teremos a exploração como
norma e o esgarçamento do tecido social como resultado a desagregar cada
vez mais a nossa sociedade. Se quiser fazer justiça, que tal começar
a colocar em pratica tal proposta? Espero que o debate seja feito. De forma
construtiva e respeitosa. Pois precisamos achar uma saída para os mais
de 40% que pagamos de impostos. Principalmente para quem ganha menos nesse país./p>
(02/03/2009)