Parece que estou vendo a propaganda eleitoral dos candidatos aos governos no
ano que vem. Quanta mentira será dita e prometida. Toda eleição
tem sido assim. Mente-se descaradamente para a população tentando
ganhar-lhe a aprovação e com isso seus preciosos votos. Depois
de eleitos - quase todos - se esquecem das promessas e dos projetos que iria
deixar a vida da gente próxima, muito próxima do paraíso.
Mas é bom lembrar que toda essa baboseira de propaganda eleitoral é
só para enganar os incautos. Pois os que sabem distinguir um oportunista
de plantão, de um verdadeiro possuidor de espírito público,
é o que de fato vai fazer a diferença. Só que os oportunistas
possuem recursos amealhados ao longo de anos de exercício no poder e
no erário. Aquele que deveria ser apenas e rigorosamente público.
Se eleição já é um caso para muitos estudos sociológicos,
políticos e psicanalíticos, imagine o que seja com os tais de
partidos políticos. Em sua maioria formado por oportunistas, reunidos
em nome de uma 'tal democracia', que pode ser explicitada com uma frase simples:
meus interesses primeiro e depois o dos outros. Mas essa é a realidade
e você só tem pelo menos dois caminhos. Ou participa disso de forma
crítica ou simplesmente o boicota. Nessas próximas eleições
vamos ter um passeio na roça. Pois a maioria dos candidatos com chances
de chegar ao governo, nada tem a oferecer ao povo. Esse mesmo povo que ironicamente
os colocará no poder. Aqui na Paraíba, por exemplo, não
vejo novidade em se eleger Cássio, Maranhão, Cícero, Efraim,
Ney ou até mesmo Ricardo Coutinho. Do ponto de vista ideológico
são todos farinha do mesmo saco. Uns mais operantes e precavidos, outros
lerdos e despudorados.
Se vamos mesmo participar dessa festa 'cívica' é bom termos
em conta que com esses candidatos ai de cima não vamos transformar muita
coisa. Todos eles querem o poder para ser poderoso. Querem feudos, cortes, oligarquias.
Querem reverência e se a gente não abrir o olho bem direitinho
querem subserviência também. Portanto, está mais do que
na hora de organizar uma chapa de esquerda, de oposição, para
bater de frente com esses candidatos de direita. Uma chapa para desdizer o que
será dito por eles. De afirmar princípios. Mostrar caminhos e
deixar claro que não aceitamos toda essa dominação. Reagir
com discursos e práticas que levem a população a compreender
o que de fato acontece na estrutura social e qual de fato é o seu papel
nisso tudo. 2010 é uma excelente oportunidade para educar o povo. Conscientizá-lo
da sua força e do seu poder. Chega de manipulação política
por parte da mesmice que são esses candidatos de direita.
Portanto, 2010 exige uma chapa de oposição a tudo isso. E temos
que ter a grandeza de sentarmos e acharmos essa chapa de oposição.
Cito aqui nomes que poderão compor uma chapa e um programa para alertar,
conscientizar, educar o povo a se organizar mais e exigir mais das tais autoridades
competentes. Nomes como o do poeta e músico Vital Farias. Do sindicalista
Antônio Radical, dos professores Avenzoar Arruda, Francisco Barreto e
Lourdes Sarmento. Pessoas essas que ao longo de uma vida, mostraram claramente
de que lado sempre estiveram. Pessoas que não se deixaram enganar e nem
querem enganar os outros. Pessoas com capacidade de diálogo e de argumentação
para se contrapor ao discurso 'bate estaca' usado por todos esses que estão
ai no poder. E que poder! Despótico, autoritário, prepotente,
pois parte do principio que nós da sociedade somos seus empregados e
não o contrário disso. Precisamos abrir os olhos e as mentes para
2010. Pois muita propaganda enganosa vem por ai. Basta observar a movimentação
em torno dos candidatos dessa direitona toda que está ai em plena campanha
eleitoral, apesar do TRE e TSE existir, está ativo e operante. Mas a
justiça, infelizmente é cega.
Quem é coxo parte cedo. Já dizia o ditado popular. Daí
que - o que restou da esquerda na Paraíba - tem por obrigação
moral, tática e ideológica, de colocar o seu bloco na rua das
discussões e apresentar desde já seus candidatos aos cargos de
2010. Se não fizer isso agora, que sem dinheiro e sem estrutura, vai
ficar mais uma vez a ver os out doors, os néons e as mídias mais
alucinantes que o dinheiro possa comprar. Nossa campanha mais uma vez terá
que ser feita no braço, no caminhar das ruas, no boca a boca e olhe lá
uma carta programa para ser distribuída em todo o Estado e inscrita em
papel reciclável, pois a natureza não tem nada a ver com os desmandos
dos candidatos. Estou disposto a contribuir com essa discussão, ajudo
no que me for possível na campanha e depois dela é claro. Pois
eleição tem sempre um depois. E esse quase todo mundo esquece
tão logo os eleitos tomam posse. O que é uma pena. Pois a fiscalização
também é tarefa nossa.
Ou uma chapa de esquerda, de oposição, para enfrentar esse discurso
enganador que vem por ai, respaldado num programa alternativo de propostas a
esse que a direita vai apresentar (e muitos com o 'discurso de esquerda'), ou
vamos simplesmente votar nulo de novo. Até porque ainda não fizemos
à discussão necessária, inadiável e intransferível
do 'para que mesmo têm servido nossos votos' e de 'como construir um controle
sobre os eleitos'. Um controle real. Onde a nossa vontade se sobreponha à
vontade individual ou do grupo do candidato eleito. Pois eles foram eleitos
para fazer em nosso nome. O que já é errado. Pois devia ser com
a participação efetiva do povo em várias e constantes formas
de se fazer isso com decência. E sem enganações. O culpado
pelo mau uso das coisas, não está nas coisas em si, mais no que
se faz em nome delas. O orçamento democrático é um bom
exemplo do que afirmamos aqui. Desde que seja feito em democracia ele funciona.
Anote ai essa questão de urgência urgentíssima: precisamos
discutir o que fazer em 2010, em pleno 2009. Pois assim pede a realidade dos
fatos. É bom ficar atento.