Tenho percorrido os caminhos de Luiz Augusto Crispim - o lorde da crônica
paraibana refazendo meus próprios caminhos. E olhe que só tenho
trinta anos de Paraíba. Imagine ele com sua doçura a contar suas
aventuras e desventuras de uma criança que insiste em se fazer presente
para gáudio e privilégio nosso. Não me recordo de quando
li a primeira crônica de Luiz Augusto Crispim. Mas sempre senti ao lê-lo
que estava diante de um homem que tinha o sentimento do mundo. E isso é
patente em seus escritos. Que bem escrito nos embala, nos envolve em pensamentos
bons. Luiz Augusto = Crispim é um homem bom. É o que dirão
no céu, quando um dia ele lá chegar. Pois todos nós chegaremos
um dia. Mas Deus nos livre de levá-lo tão cedo. Pois como vamos
fazer, cedo da manhã, sem sua crônica no jornal?
Acho que todo homem ou mulher deveria fazer seu diário. Escrever o
que acha e o que desacha de tudo isso aqui. Dá seu testemunho. E isso
eu encontro nas crônicas de Luiz Augusto Crispim. Mal o conheço
pessoalmente. Tive a oportunidade de participar de uma ou outra reunião
via Subsecretaria de Cultura, quando o mesmo foi Secretário. Mas é
como se o tivesse por perto esse tempo todo. Toda semana lá estou eu
e muitos de nós a lê-lo. A ficar surpreso com o novo tema e o tratamento
dado. Sua maturidade literária dar-lhe o direito de dizer o que quiser
e nunca nos parece pueril, pobre de espírito. Muito pelo contrário,
sabe tirar leite de pedra.
Junto dele acosto Gonzaga Rodrigues. Outro lorde da cultura paraibana, que
sabe também escrever como ninguém. Sabe também dar nó
em pingo dágua. Quando os leio, digo pra mim mesmo: Eis aqui dois excelentes
exemplos a ser reverenciados. Pois copiados acho que seja muito difícil.
Não temos a sagacidade desses dois menestréis da crônica
paraibana. Augusto, como o próprio nome traduz, tem o gosto pelos sabores
dos ambientes memoráveis. E os descreve como ninguém. Daqui de
casa posso sentir o cheiro da comida da Pensão da Paz Dourada. Consigo
ver Militão com seu jeito bonachão em demandas pela cidade. Quando
fecho os olhos vejo uma paisagem, um instante congelado na imagem traduzida
em poesia pelo contar de Luiz. Esse augusto Crispim que resolveu se doar a todos.
Todos os dias. Homeopaticamente.
Só os poetas sabem o que é ter que dar e muitas vezes não
ter pra dar. Sabe mesmo quando finge, que aquilo lá não mais lhe
pertence. Agora são filho e filha do mundo. É como se fossem bóias
no tempo. Penduradas em fatechas do dia a dia do sentimento humano. Tem horas
que acho que a invenção do homem e da mulher e tudo isso por aqui
vai dar certo. E me encho dessa certeza quando leio Luiz Augusto Crispim. Considero-o
meu amigo sem nunca ter sido. Vive aqui no dia a dia da gente. Quando menos
esperamos, lá está ele se desfazendo de suas lembranças
e fazendo a gente lembrar das nossas. E as nossas passam pelo olhar do tempo
e nos pega passeando com ele nas suas viagens literárias. E nós
aqui. Lendo e achando que assim vai dar certo. A augusta pessoa de Luiz, agradeço
os momentos bons vividos através dos seus escritos. Muito obrigado.