Reafirmo meu compromisso com o apoio à transposição do
Rio São Francisco, para minorar a sede de 12 milhões de irmãs
e irmãos nordestinos, como nós. Fui e vou todas as vezes que for
convocado para apoiar esse importante projeto realizado pelo governo brasileiro.
Esse mesmo governo que esses 12 milhões de nordestinos pagam impostos.
A questão da transposição é uma questão de
humanidade. De preservação da espécie humana em condições
dignas de sobrevivência. Quem mora numa zona com água corrente
o ano inteiro, por anos a fio, não sabe o que é ficar sem ela.
Nem por alguns dias.
Não é hora para apedrejamentos, é hora de união
em torno de um mesmo bem comum: a vida. A vida de tantos de nós. Os dados
técnicos comprovam. É o melhor projeto técnico já
elaborado. Ele leva em consideração a revitalização
do rio, sua proteção e vai retirar dele apenas 2% a 3%, de uma
vazão de 1850 m³/segundo. Com mananciais represados que daria para
manter uma perenização do rio por longos anos, mesmo em época
de seca. A transposição que será feita retirará
do rio 30 metros cúbicos por segundo. Não comprometerá
o rio e nem tão pouco o oceano que vive também do equilíbrio
com o rio. Tudo está conectado. Como já sabemos. A terra é
um ser vivo como nós.
Do ponto de vista econômico, esse sim é que se justifica. Imagine
que para fazer a transposição hoje, agora, o projeto que está
em andamento custa 4,5 bilhões de reais. E como resultado terá
doze milhões de pessoas com água passando por perto de sua casa.
Nunca mais vão ter sede de água de beber. Você já
imaginou quanto custa dos nossos impostos, dois, três, quatro, cinco anos
de seca ininterrupta? Quantos bilhões são gastos ou jogados fora
com paliativos? Pois você socorre o flagelado da seca mais não
resolve o seu problema. E quantas secas ainda teremos pela frente, com um planeta
esquentando e nós morando na linha do equador? Não precisa ser
'Nostradamus' para imaginar que água vai ser sempre e definitivamente
um bem muito precioso para a existência humana.
Já passou da hora do Nordeste se unir. De lutar juntos por causas coletivas
e comuns. Logo nós que ajudamos a construir esse país. Sem ufanismo
nenhum, mas quem construiu São Paulo, Brasília, Tocantins, Amazonas?
Só para citar alguns exemplos significativos. Onde não tem mão
de obra nordestina no Brasil? Desse bondoso nordestino que vive a troco de salários
baixíssimos. Quem melhor para explorar do que um nordestino, sempre inculto
de letras e rico em sua cultura impar e variada? Morro de orgulho de ser nordestino.
De ser dessa banda de cá do sol por testemunha. Mas só sabe o
que é ter sede quem não tem uma quartinha de água fria
para matá-la. Principalmente vivendo no semi-árido nordestino.
E olhe esse é o semi-árido que forja essa gente. Essa brava gente.
Esse foi o semi-árido que nos restou como moradia. É 85% de todo
o nosso território nordestino. Quem não conhece, deveria passar
por aqui uns 15 dias. Para sentir no corpo o quente do sol nordestino.
'Daí água a quem tem sede'. Já ouvimos isso muitas vezes.
É hora de humanidade. É hora de dá a mão, é
hora de bondade.