Abriu-se ontem à noite (escrevo antes) a temporada de debates para
os presidenciáveis através da Rede Bandeirantes, há anos
a pioneira na matéria. Ao que a própria rede deixou claro durante
o dia, o candidato Lula foi o único que não confirmou o comparecimento.
Esses debates têm dupla face. Nem sempre o que melhor se desempenha
será, necessariamente, o melhor Presidente como vimos, por exemplo, há
quatro anos. Com respostas de dois minutos, ganha quem ganhar na demagogia mais
bem urdida no lugar da competência. Mesmo assim é melhor do que
nada.
Todos falarão em reforma política com fidelidade partidária.
Na eleição anterior também se falava e na anterior. E na
anterior. E na anterior.... Ah a anterior não havia: era ditadura...Mas
a reforma política não saiu até hoje por causa do Congresso
e não é atribuição do presidente. Os políticos
não a desejam já que para estes está bom como é,
pois assim se elegeram. Reforma Política, sim. Fidelidade Partidária,
principalmente. Mas.....Aí aparece o Mas... do título acima. Nenhuma
fidelidade partidária pode existir sem democracia interna nos partidos.
O que é isso? Bati-me a vida inteira por esse isso e nada
consegui. Trata-se do seguinte. Todos os nossos partidos são de cúpulas
ou oligarquias que duram décadas. E sempre foram. Tradução:
são dominados por um cacique, um governador, um ex-governador,
um coroné do asfalto ou rural e sua trupe de gente que já
ganhou cargos ou conseguiu eleger-se com o apoio do chefe. Assim,
dominam o Diretório do Partido e elegem a Comissão
Executiva. Esta, sob o comando do cacique, faz o que este quer.
Ai está o cerne da questão da fidelidade. Sim, 60% de quem troca
de partidos é gente interesseira, concordo, e isso precisa acabar. Mas
trinta por cento são compostos por gente séria que esmagada e
sem espaço dentro do partido , vai buscar espaço em outro.
Sem alterar estrutura interna de funcionamento dos partidos, democratizando-a,
de nada valerá realizar a importante fidelidade partidária.
Sem democracia interna nos partidos este continuarão a ser mandados por
cúpulas que não se renovam nem largam o osso. E o que é
a democracia interna dos partidos? São os seus Diretórios, nacionais,
estaduais e municipais e, não a Comissão Executiva: o diretório
é o parlamento livre dos partidos internamente.. O único partido
que ouvia seus diretórios era o PT. Hoje nem mais isso. Nele, depois
da queda do leninismo interno, impera o centralismo democrático.
Dá no mesmo... Sem democratizar os partidos, nenhum jamais funcionará
bem e justo no Brasil e, sem isso, mesmo ferrenho defensor da fidelidade partidária,
esta nunca existirá. Fidelidade partidária é votar de acordo
com a maioria das bancadas. E não apenas ser impedido de trocar de partido.
Voltarei ao assunto.
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