Vendo a quase superação do conflito Israel Hezbollah. Vendo
roubos assaltos, facadas na praia em inocente turista, assasinatos, estatísticas,
a violência no Iraque, imagens e filmes da Primeira Guerra Mundial, da
Segunda, do Vietnam, da Coréia, da invasão da China pelo Japão
no século passado, para encurtar, milênios de barbaridades contra
os povos, tudo por ambição, em primeiro lugar lembro que há
mais homicídios no Brasil por ano que mortos nos conflitos do Oriente
Médio, inclusive Iraque. É uma guerra de brasileiros contra brasileiros
e de inconseqüentes de todos os lados contra os jovens. Reparem bem: Quem
vai para a guerra? Os jovens! Quem pega os serviços mais
pesados? Os jovens! Quem vem ao mundo para atender a necessidades de tenebrosas
carências adultas? Sempre as crianças! Quem paga o preço
existencial dos nossos delírios? Eles!
Quem recebe, da televisão, a mais brutal massificação?
As gerações mais novas. Quem mantém a vida das pessoas
que perderam (nelas mesmas) a vontade de viver? Sempre os mais moços,
filhos, crianças, jovens. Por que temos a mania de colocar nos mais moços
todos os nossos melhores anseios? Por que enchê-los de compromissos nossos?
Do que não pudemos ou soubemos fazer? Por quê?
Estas e tantas outras perguntas podem estar a revelar um aspecto nebuloso da
contradição humana: a dificuldade de o adulto defrontar-se com
a juventude que lhe causa inconsciente inveja. Esse defrontar, é, no
fundo o encontrar-se com a própria morte a se aproximar. E com a perda
gradual da maravilhosa energia e inconseqüência dos jovens. Mestre
Anísio Teixeira dizia: "no dia em que os jovens acordarem, não
se deixarão ir para as guerras. Elas acabarão".
No nível consciente tudo isso é muito bem defendido e disfarçado
com intenções sadias, com amor a pátria ou religião.
No nível inconsciente, porém, naquela parte em que somos apenas
impulsos, o ser humano vive varejado irreveláveis pulsões de inveja
e destruição. Estas, são terríveis! Tanto, que o
homem, encontra formas de racionalizá-los, isto é, encontra maneiras
de senti-los através de seus vários disfarces ou das formas mascaradas
através das quais eles se manifestam. Refiro-me à parte do todo
que odeia. O contato com esse impulso de ódio e destruição
de tudo o que por ser jovem e verde leva o mais velho a defrontar-se com a morte,
com a queda, com a perda de força, com a impotência, com a destruição,
é um contato terrível! Está carregado de culpas abissais
e de dolorosas constatações, para as quais somente as pessoas
muito maduras estão preparadas para evitar. Desse filicídio inconsciente
faz parte criar guerras para mandar os jovens morrerem por questões no
fundo comezinhas. Ou dar armas a uma criança de treze anos para se sentir
poderosa e vigiar o morro.
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