Sigo a pensar em voz alta sobre o tema recorrente na fala de todos os candidatos
à Presidência da República: a fidelidade partidária
e o voto distrital misto. Tão grave quanto a infidelidade partidária
como hoje existe e funciona nessa máquina de corrupção
(em todos os sentidos) que é o presidencialismo, tão grave, eu
dizia, é a reforma política não alterar a Lei que regula
o funcionamento intra partidário.
Antes de continuar, abro um parêntese para quem não sabe o que
é esse avanço (aliás parlamentarista), o do voto distrital
misto Neste, o eleitor vota duas vezes para Deputado Federal, idem para deputado
estadual e vereador. Não é que vote em dois candidatos. Nada disso.
Em vez de votar apenas no número de seu candidato o procedimento é
dar um voto para o partido político de sua preferência e um segundo
voto, direto e nominal para o seu escolhido dentre os candidatos de seu distrito.
Esse formato permite ao eleitor, maior proximidade (fiscalização
e cobrança) do parlamentar eleito pelo distrito. E dá aos partidos,
a oportunidade de apresentarem uma lista de nomes qualificados que não
são necessariamente políticos militantes mas pessoas reconhecidamente
preparadas e honestas. Feita a soma dos votos, se, por exemplo, um partido conquista
o direito de eleger seis membros de sua lista, os seis primeiros na ordem em
que a lista foi levada ao Tribunal Eleitoral, serão eleitos, juntamente
com os que ganharam dentro dos distritos. É claro que se os partidos
continuarem dominados por oligarquia(s) interna(s), vão escolher a ordem
da lista de uma maneira espertalhona, colocando os nomes menos qualificados
mas amigos dos "donos" do partido. Ou os próprios "donos".
Por isso, seja para a fidelidade partidária, seja para o voto distrital,
impõe-se que a Lei determine a forma democrática da escolha dentro
dos partidos e a única que existe é através dos diretórios
(nacional, estadual e municipal) em voto aberto e direto. Sem democracia interna
imposta por Lei Partidária jamais nos livraremos dessa dolorosa perda
de qualidade e da mediocridade crescente, que sob o comando voraz dos "caciques"
partidários, fizeram a política cair aos níveis degradantes
e vergonhosos em que chafurda, principalmente nos últimos quatro anos.
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