Para disfarçar uma certa tensão que percorre o Brasil e este cronista,
a propósito do jogo de hoje, com Gana cheia de gana, e porque uma diverticulite
me impediu de ir ao boteco de nossas conversas, vou lhes falar de algo que se
repete obsessivamente no futebol atual, mesmo na Copa e com a FIFA inteira a fiscalizar
os árbitros: trata-se do uso do braço. Este é o grande vilão
do futebol contemporâneo. Com falta ou sem, usar os braços passou
a ser normal. E isso enfeia o futebol. Como o carrinho que se fala há anos
em proibir e está aí na Copa, a todo instante e de todas as maneiras.
Antigamente o braço não podia ser usado e pronto. Só era
válido o tranco com os braços colados ao corpo. Os ingleses eram
os mestres do tranco. De uns anos para cá os jogadores de todos os países,
por causa das marcações mais severas e devido aos espaços
menores para fazer as jogadas, começaram a abusar do uso dos braços
e hoje, nem juízes da FIFA sabem mais o que é falta. No escanteio,
então, ou cobranças laterais à área, é empurrão,
abraço de urso, "gravata", fungada no cangote, "dedada"
no fiofó, vale tudo. E assim se esvai parte importante da beleza do futebol.
Outra sugestão deste velho observador é a de atuarem dois juízes
como no basquete. Um seria o principal, como é hoje. O outro atuaria na
observação complementar, aquela que inevitavelmente escapa ao árbitro
principal. Só os dois bandeirinhas é pouco. Esse segundo juiz não
marcaria a jogada principal que ficaria para o juiz decisor, mas fiscalizaria
atos fora de onde está a bola como empurrões, uso do braço,
agressões, impedimentos duvidosos. Ajudaria também na marcação
na distância da barreira, fiscalizaria a área nas batidas de corner
e faltas, ajudaria na visão de faltas por outro ângulo, caso consultado
pelo juiz principal.
Aposto que haver dois juízes em vez de um, aprimoraria as arbitragens.
A gente está a constatar: mesmo sendo FIFA, nesta Copa do Mundo, pelo menos
até aqui, as arbitragens cometeram erros gravíssimos.
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