Isso não vai acabar bem

(Artur da Távola)

Há tempo a cúpula do PT adotou, ainda nos governos Sarney, Itamar e Fernando Henrique, principalmente neste, o seguinte projeto de ação. Simples, maligno, porém bem bolado. Quase ninguém percebeu.

1) No movimento social, apoiar qualquer movimento até o limite da insurreição.

2) Na frente legal, a virulência de um moralismo vingador que a tudo e todos acusava. Tratava-se aí de ganhar a classe média, estudantes e alguns intelectuais. Ganharam, à custa de muitas injúrias e calúnias.

Conforme os ventos, caso a democracia oscilasse eles tentariam a implantação da velha revolução à moda bolchevique. Caso a democracia se fortalecesse no País (para a qual os três Presidentes acima citados muito contribuíram), eles tentariam a vitória pela via legal, a eleição, como acabou por acontecer em 2002, depois de várias tentativas.

Uma vez no Poder, veio o cisma. A turma da esquerda revolucionária à moda antiga, fez tantas roubalheiras com vistas a benefícios pessoais alguns; e perpetuação no poder, outros, mas produziram tal corrupção, eu dizia, que a grita nacional a derrubou. A frente legal e inserida na globalização da economia, conduzida por Palocci (que cairia por outras razões), esta, agüentou o Governo acalmou a frente internacional e agradou às elites pois o que a estas interessava não estava ameaçado. Ao contrário, nunca os bancos lucraram tanto...

Reparem que para qualquer acontecimento grave o governo mobiliza a Polícia Federal. Para o MST e seus penduricalhos (siglas dentro da sigla), os olhos do governo estão fechados e isso de baderna vem crescendo de modo galopante desde o começo do governo Lula, que não tem coragem de enfrentar os fanáticos cujo caldo de cultura ajudou a criar dentro da pregação extremista feita em forma de pinça, ou seja, frente legal paralela a ações subversivas. Isso, durante anos e anos.

O resultado está aí. Comandados pelo secretário nacional de mobilização dos movimentos sociais do PT, o País acompanhou estarrecido a baderna que ameaça todas as instituições não pelas razões que a leniência da Câmara Dos Deputados com os corruptos poderia justificar, mas simplesmente para provocar a atenção da opinião pública, exatamente no dia do primeiro aniversário da descoberta do mensalão. E impedir a votação de uma nova CPI. E diariamente há uma estrada ou via principal de uma grande cidade invadida por manifestações que geram a quase paralisação da cidade ou estrada. Estão treinando...

Essa dualidade, essa inação e essa hipocrisia do Governo Lula tem que acabar. Que escolha um caminho e o siga. Agüente, depois com as conseqüências, Agüente não. Nós é que vamos agüentar no lombo, essa ignorância como ocorreu em 64. Isso não vai dar certo, tenho dito e repetido em artigos recentes. A realidade parece me dar razão. Tem caroço embaixo desse angu. É só ler hoje, o depoimento prestado ontem pelo empresário Daniel Dantas na Comissão de Justiça do Senado.