Três vezes seis dezoito. É tempo da maioridade. O Brasil precisa
saber disso.
Seis são as pontas da estrela de Davi, representada por um triângulo
com o vértice para cima superposto a um triângulo com o vértice
para baixo. Na antiga simbologia gnóstica e, mesmo, na religiosa, as
duas pontas dos vértices do triângulo significam a dualidade da
condição humana, em permanente tensão, entre viver atada
ao mundo terreno e suas imperfeições e alçada às
alturas possíveis da elevação espiritual. Allendy dizia,
de modo magnífico, que o seis é "a oposição
da criatura ao criador em um equilíbrio sempre indefinido".
Outra não é a luta do ser humano nesta vida. O seis é a
representação, pois, da luta do bem contra o mal.
Lembrar, também, que o mundo foi criado em seis dias. No sétimo
teria Deus descansado. Já um astrônomo descobriu, com precisão
absoluta, que a terra existe em seis direções: os quatro pontos
cardeais, o zênite e o nadir. Mas dessas matemáticas pouco entendo,
e o vértice de meu triângulo nasceu virado para baixo, com as ciências
exatas. Lamento mas aceito, pois o vértice que aponta para cima estimula
minha relação com a grandeza, a luz e o mistério do cosmos,
do qual, numa procura de anos a fio, a cada dia me aproximo em velocidade de
cometa. E ele ora aturde e esmaga, ora consola, ilumina e protege: ele, o grande
útero cósmico. A esperança.
Mas tenho mais novidades para esta inconseqüente crônica, cheia de
crendices, simbolismos e levezas. Qual a palavra hoje mais falada no Brasil?
É hexa. Hexa Campeonato Mundial! É o ano do Seis. Temos que chegar
lá. Preciso ainda recordar-lhes algumas inocentes figurações:
seis é a maior das quantidades numéricas do mistério dos
dados. E quem lança dois dados resultando seis em cada um, ganha tudo.
O que faz sentido com o seis em algarismos romanos que é VI. VI, de Vitória.
Fora tudo isso, o hexágono é uma das mais bonitas figuras da geometria,
nem redonda nem quadrada ele atenua os extremos de ambos.
E para concluir, uma gracinha: há número mais bonito em seu desenho
que o 6? Gorduchinho e sinuoso, ele não tem a magreza do um, as revoltas
do dois, os espinhos do três, as cadeiras do quatro, a arrogância
do cinco, a implacabilidade do sete (que é duro de cintura). Compara-se,
é verdade, porém sem tanta volta e mais discrição,
com as gordurinhas do oito, e, depois, vira até o poderoso nove de cabeça
para baixo.
O seis é um craque. Por isso, para os bambaras (povos africanos milenares,
e que sabiam ler o futuro das pessoas pelos pés) ele era o signo da prosperidade.
É o que desejo a todos os que lerem esta crônica repleta de cultura
inútil.
Que tal comprar um livro de Artur da Távola? O Jugo das Palavras |