A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Balzac e as nossas eleições

(Artur da Távola)

Dia desses, relendo meu querido José Lins do Rego, encontrei referência a um ensaio de Ventura Garcia Calderon sobre Balzac. Nele, Calderon encontra e José Lins destaca, alguns pensamentos ácidos de Balzac sobre o ser humano na política.

Como estamos a entrar de rijo no processo eleitoral; a vida política anda em tremenda baixa, e a liberdade de imprensa está a obrigar os políticos a cuidado redobrado com palavras e comportamentos, transcrevo alguns desses citados (e azedos mas provocantes) pensamentos de Balzac, atualíssimos mesmo vindo do século dezenove:

* "Raramente uma grande assembléia raciocina. Ela está sempre apaixonada."
* "A maioria dos que não querem ser oprimidos são os que querem oprimir."
* "Só se pode conduzir um povo lhe prometendo tudo. Um chefe é um mercador de esperança."
* "É a imaginação que perde as batalhas."
* "O povo não sabe só, nunca, escolher os seus legisladores."
* "Para que um povo seja verdadeiramente livre, necessário seria que os governados fossem sábios e os governantes, deuses."
* "Governa-se melhor os homens pelos seus vícios do que por suas virtudes."
* "A palavra virtude, em política não existe."
* "Os tolos falam do passado, os sábios do presente, os loucos do futuro."
* "Um filósofo faz sempre um mau cidadão."

E assim são, pois, alguns pensamentos, sempre ácidos de Balzac sobre os homens e a política. Não preciso concordar com todos para os publicar. E não concordo mas reconheço que são instigantes, sempre. Não concordo, porém, que os filósofos fazem sempre maus cidadãos nem que a virtude não exista em política mas concluo com esta grande verdade dita por Balzac:

* " A idéia faz muito mais mal que os fatos. Ela é a inimiga capital dos poderosos."

E eu acrescentaria: também do capital dos poderosos e dos poderes do capital.....

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