Dia desses, relendo meu querido José Lins do Rego, encontrei referência
a um ensaio de Ventura Garcia Calderon sobre Balzac. Nele, Calderon encontra
e José Lins destaca, alguns pensamentos ácidos de Balzac sobre
o ser humano na política.
Como estamos a entrar de rijo no processo eleitoral; a vida política
anda em tremenda baixa, e a liberdade de imprensa está a obrigar os políticos
a cuidado redobrado com palavras e comportamentos, transcrevo alguns desses
citados (e azedos mas provocantes) pensamentos de Balzac, atualíssimos
mesmo vindo do século dezenove:
* "Raramente uma grande assembléia raciocina. Ela está sempre
apaixonada."
* "A maioria dos que não querem ser oprimidos são os que
querem oprimir."
* "Só se pode conduzir um povo lhe prometendo tudo. Um chefe é
um mercador de esperança."
* "É a imaginação que perde as batalhas."
* "O povo não sabe só, nunca, escolher os seus legisladores."
* "Para que um povo seja verdadeiramente livre, necessário seria
que os governados fossem sábios e os governantes, deuses."
* "Governa-se melhor os homens pelos seus vícios do que por suas
virtudes."
* "A palavra virtude, em política não existe."
* "Os tolos falam do passado, os sábios do presente, os loucos do
futuro."
* "Um filósofo faz sempre um mau cidadão."
E assim são, pois, alguns pensamentos, sempre ácidos de Balzac
sobre os homens e a política. Não preciso concordar com todos
para os publicar. E não concordo mas reconheço que são
instigantes, sempre. Não concordo, porém, que os filósofos
fazem sempre maus cidadãos nem que a virtude não exista em política
mas concluo com esta grande verdade dita por Balzac:
* " A idéia faz muito mais mal que os fatos. Ela é a inimiga
capital dos poderosos."
E eu acrescentaria: também do capital dos poderosos e dos poderes do
capital.....
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