A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Também somos violentos

(Artur da Távola)

Fala-se tanto - e com razão - da violência. Resolvi questionar-nos: sim porque também somos violentos:

*** No instante em que não nos interessamos pela comida que sobra em nossa casa;

*** Quando temos um trabalho melhor remunerado apenas porque pudemos estudar num país onde a maioria não pode;

*** Quando se ri da ignorância de outrem;

*** Quando buscamos impor como "verdade" o que é ideologia e em nome daquela praticamos atos autoritários.

*** Quando esperamos aplausos pelo que parecemos ser;

*** Quando nosso proclamado amor ao próximo é mais verbal que exercido na prática;

*** Quando se pretende sempre ter razão e não medimos a forma pela qual exercemos - às vezes com estupidez - o nosso "ter razão";

*** Quando esperamos de modo ácido a hora de provarmos alguma "superioridade", apenas para sentirmo-nos vencedores de algo, ainda que seja apenas uma tola aposta;

** Quando só somos capazes de julgar o próximo, nunca a nós mesmos;

** No ar refrigerado; na direção do carro; na buzina, no farol alto; no som estéreo; na última moda; na palavra descuidada; no Ipod ou no celular que filma, fotografa, chinga a mãe, embala neném e faz chover.

*** Quando se vaia; bajula; esmaga; descompõe, agride verbalmente e pelas costas.

*** Quando arrasamos os adversários ou concorrentes, convictos de que esta é única regra do jogo da vida;

*** Quando fazemos tudo isso como autômatos, sem qualquer consideração sobre a ordem material (social, política, econômica) que se utiliza de suas melhores disposições e energias, fazendo-nos e a todos agir assim, na convicção de que o materialismo e o capitalismo selvagem; o mercado e o lucro desordenado, representam o melhor caminho para a humanidade.

*** Quando ignoramos e deixamos de protestar contra os atentados ao meio ambiente e ao ambiente inteiro....

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