Fala-se tanto - e com razão - da violência. Resolvi questionar-nos:
sim porque também somos violentos:
*** No instante em que não nos interessamos pela comida que sobra em nossa
casa;
*** Quando temos um trabalho melhor remunerado apenas porque pudemos estudar num
país onde a maioria não pode;
*** Quando se ri da ignorância de outrem;
*** Quando buscamos impor como "verdade" o que é ideologia e
em nome daquela praticamos atos autoritários.
*** Quando esperamos aplausos pelo que parecemos ser;
*** Quando nosso proclamado amor ao próximo é mais verbal que exercido
na prática;
*** Quando se pretende sempre ter razão e não medimos a forma pela
qual exercemos - às vezes com estupidez - o nosso "ter razão";
*** Quando esperamos de modo ácido a hora de provarmos alguma "superioridade",
apenas para sentirmo-nos vencedores de algo, ainda que seja apenas uma tola aposta;
** Quando só somos capazes de julgar o próximo, nunca a nós
mesmos;
** No ar refrigerado; na direção do carro; na buzina, no farol alto;
no som estéreo; na última moda; na palavra descuidada; no Ipod ou
no celular que filma, fotografa, chinga a mãe, embala neném e faz
chover.
*** Quando se vaia; bajula; esmaga; descompõe, agride verbalmente e pelas
costas.
*** Quando arrasamos os adversários ou concorrentes, convictos de que esta
é única regra do jogo da vida;
*** Quando fazemos tudo isso como autômatos, sem qualquer consideração
sobre a ordem material (social, política, econômica) que se utiliza
de suas melhores disposições e energias, fazendo-nos e a todos agir
assim, na convicção de que o materialismo e o capitalismo selvagem;
o mercado e o lucro desordenado, representam o melhor caminho para a humanidade.
*** Quando ignoramos e deixamos de protestar contra os atentados ao meio ambiente
e ao ambiente inteiro....
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