A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Sem remédio e sem a Varig

(Artur da Távola)

Essa greve dos fiscais Anvisa sofrida pela população há semanas é uma loucura! O governo dos trabalhadores, jamais recebeu a comissão de greve, apesar de promessas. Aliás, greve de servidores públicos, autorizada que foi pela Constituição de 88 por primeira vez no Brasil (votei a favor e hoje tenho sérias dúvidas), é uma faca de dois legumes, como diz um intelectual meu amigo. Deixar os hospitais sem remédio, salvo emergenciais e alguns outros desde que autorizados pela comissão de greve, é a subversão total. Uma barbaridade. Por quê? Por duas razões: 1) O Governo não negociou. 2) Greve de servidores, principalmente das áreas de saúde e policial além de algumas outras categorias deveria ser regulamentadas. Sem regulamentação ele acaba com a ordem no País.

Enquanto isso os Sem Terra fazem e desfazem, impunes. E escolhem desculpas erradas. Se provassem, o que é verdade, que certas fábricas de celulose plantam eucaliptos, em áreas que se inutilizam por muitos anos, desmatando ou impedindo lavouras de maior utilidade, isso seria a denúncia verdadeira e o País entenderia.

Outro ponto é o da Varig. O governo dos trabalhadores lava as mãos, enquanto 11 mil pessoas vêem seu especializado meio de vida, anos de preparo e experiência ameaçados de desaparição. Ora, o Governo deve quatro bilhões à Varig em sentença transitada em julgado. Os funcionários dispõem-se a abrir mão de alguns direitos que têm no fundo de pensão ou sei lá como se chama o da Varig, Os quatro bi, isso e mais o interesse de grupos privados brasileiros, seria suficiente para salvar uma das marcas mais conhecidas do Brasil no exterior, a empresa com a melhor estrutura de manutenção de vôo de nosso País. Esse descaso me faz desconfiar de que há algo por trás da impassibilidade do Governo.

Já vi esse filme de outra maneira. No movimento militar de 64, de maneira totalmente arbitrária e por ligações com o então Presidente da Varig, o governo recém implantado à força, da noite para o dia, sem qualquer medida judicial determinou a falência e o fechamento da Panair do Brasil. Esta, além de pioneira, uma empresa modelar como já foi a Varig em um dos atos mais violentos e arbitrários dentre os não poucos do período discricionário.

Celso da Rocha Miranda, um grande brasileiro, Presidente da Panair, com ditadura e tudo lutou 25 anos na Justiça contra a arbitrariedade, afinal ganhou a causa no Supremo, pensem bem 25 anos depois, e por infelicidade morreu pouco depois da vitória. E creio que até hoje o governo não ressarciu a massa falida e a família com seus direitos. Imaginem se o Governo atual vai pagar os 4 bilhões que deve à Varig, algum dia? Prefere que ela morra e que se danem os trabalhadores come anos e anos de dedicação e aperfeiçoamento.

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente