O verdadeiro sentido de equívoco, não é "erro".
Deriva, a palavra, de aequi-vocu, isto é, chamados (vozes) que
emitem ao mesmo tempo apelos contraditórios ou opostos. Assim acontece
na comunicação (e na vida) contemporânea. Os apelos e as
chamadas nos chegam em forma de bombardeio simultâneo. Vivemos cercados
de vozes ou chamados que se opõem, que se equivalem, isto é, ocorre
simultaneidade de vozes ora contraditórias, ora antagônicas, ora
perturbadoras, ora sedutoras, ora convincentes, ora "vendedoras".
É a comunicação do equívoco.
Se o fenômeno é comum ao bombardeio comunicativo diário,
aumenta em casos de guerra ou de crise política. E da informação
em diante, a re-utilização que dela fazem outros meios de comunicação,
cria eco. O público acaba por repetir e estender a linguagem da comunicação
equívoca e ela, cresce, se amplia, espalha-se, ganha ainda novas conotações,
vícios, cacoetes, distorções, ecos. Dá-se uma repercussão
difusa, errática e dispersiva. Além de superficial. Por isso,
a hiper informação gera uma forma de não comunicação
Sobretudo o eco de uma comunicação reiterada merece ser estudado.
Ele propicia a repetição de informações equívocas,
reiteradas a mais não poder e de modos diferentes por rádios,
jornais e televisões. Exemplo: algum assunto muito noticiado, fica ecoando
com interpretações as mais diversas, comentários, opiniões,
editoriais, entrevistas a respeito, falas de especialistas etc. dias e dias
por jornais, revistas, rádios, emissoras de televisão e, conseqüentemente,
em conversas informais por esquinas, lares e bares. Isso é eco.
O fenômeno gera alto índice de reiteração, sob formas
e efeitos diferentes, acentuando o caráter equívoco da informação
e provocando uma sociedade hiper informada com pedaços de verdade às
vezes dispostos na notícia de modo a formar um todo coerente ou lógico
na aparência, mas diverso, porém, do real e em alguns casos, injusto,
calunioso ou distorcido, de modo deliberado ou casual.
Em síntese: com base em fato real, em pedaços de fato, em verdade
parcial ou meia verdade, a comunicação do equívoco pode
estabelecer-se numa sociedade inteira. Então, o que é um pedaço,
um ângulo ou face do real supera a própria realidade E a partir
daí surge um problema ético: a notícia deixa de ser processada
como informação para o ser como estratégia (no caso da
política e da guerra) ou como espetáculo (no noticiário
comum e corrente do dia-a-dia).
A notícia como espetáculo fascina mas na realidade é a
comunicação do equívoco. É a forma contemporânea
do mito da Torre de Babel...Falam-se tantas línguas no mundo da informação
que ninguém se entende.
É o que dá oportunidade à manipulação que
é feita pelo sistemas norte americano Espantosa e sórdida a pressão
feita nos Estados Unidos contra a liberdade de informação. Espantosa
porém, não, original. Nunca veio á tona o complô
que matou John Kennedy e cinco anos depois Martin Luther King e Bob, o melhor
dos Kennedy. Como não virá, jamais, a forma solerte através
da qual a indústria armamentista se movimenta por trás de tudo,
a fomentar guerras para vender bilhões de dólares em armas cada
vez mais mortais.
Nessa guerra louca (Bush é um genocida) feita espetáculo tecnológico
de televisão, após as tentativas de cada sistema de apenas transmitir
as versões que lhes interessavam, pouco a pouco jornalistas de vários
países, adentram-se no território do bem e aos poucos mudam a
opinião pública norte-americana e aos poucos as levam a ficar
contra a guerra estúpida. Mas aí não se trata de observações
de caráter subjetivo. Aí está a TV ao vivo para mostrar
as cores cinzentas da realidade.
No Brasil. também: da "jogada" de desrespeitar o sigilo bancário
de um caseiro, por altas autoridades e o o tiro sair pala culatra, fica a lição.
Um país pode cometer a violência de censurar fatos feitos à
sorrelfa. Mas esse processo, numa guerra hoje em dia coberta pela televisão
e pelos jornais de vários países, tende a ser derrotado pela tarefa
corajosa de jornalistas que se expõem ao perigo. Claro que a cobertura
será sempre parcelada pois a câmera de televisão e dos ousados
fotógrafos não pode estar em várias frentes ao mesmo tempo,
mas se há bom senso dos editores, se há amplitude, objetividade
e espírito público dos comentaristas, de algum modo a censura
será vencida. Nessa guerra estúpida, filha da perigosa mas vigente
doutrina de ocupação hegemônica dos espaços nacionais
hostis ao império, a imprensa livre quando não encontra apoio
no sistema, de alguma maneira fura o bloqueio, denunciando-o; e através
da pluralidade da oferta, acaba por conseguir informar por cima e além
dos macro-sistemas que a tudo e todos pretendem dominar.
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