Amanhã é 29 de março de 2006. Carlos Alberto Ferrreira
Braga, o Braguinha, que, quando moço, se auto-apelidou João de
Barro no conjunto musical Bando de Tangarás (cada membro, entre outros
Noel Rosa e Almirante, deveria se dar o cognome de um pássaro, mas só
o João de Barro pegou), amanhã Braguinha faz 99 anos. Sim, amanhã,
Braguinha, que é estátua na entrada da Copacabana que imortalizaria
num samba canção em 1947, amanhã, atenção
editores de televisão, rádio e jornal, Atenção Brasil,
amanhã Braguinha faz 99 anos.
Salve Braguinha! Um descomunal brasileiro. Uma delicada flor silvestre numa
floresta de infelizes e malfeitores. Vejam só:
1)Cantor; 2)compositor; 3)letrista; 4)autor de versões; 5)diretor artístico
de gravadora; 6)revelador de talentos (Emilinha Borba, Jorge Goulart, Dick Farney,
Doris Monteiro, Dalva de Oliveira (fez a voz da Branca de Neve), Elizete Cardoso,
Gilberto Milfont, Nuno Roland, Silvio Caldas, Almirante, Mario Reis, Carmem
Miranda, Rui Rei, Heleninha Costa, tanta gente); 7)criador de discos com músicas
para crianças, até hoje vendidos e procurados; 8)autor da versão
para o português do primeiro desenho animado de longa-metragem e música,
"A Branca de Neve", e de outros, como Dumbo, Bambi etc; 9) autor de
marchas, de marchinhas carnavalescas, sambas, sambas-canção, canções,
valsas; 10) compositor de Chiquita Bacana, Yes Nós temos Bananas, o Rio
Amanheceu Sorrindo, Ô Balancê, Pirata da Perna de Pau, Touradas
em Madrid, A Mulata É a Tal, Domingo em Paquetá, Laura, A Saudade
Mata A Gente, Anda Luzia, Tem gato na Tuba, Lancha Nova; chega? 11) parceiro
de gente do nível de Alberto Ribeiro, Antônio Almeida, Alcyr Pires
Vermelho, Jota Junior, Noel Rosa, vários outros, chega? 12) fundador
da Gravadora Todamérica, que se notabilizou e enfrentou gigantes na década
de 50; diretor artístico de musicais, de dublagens e discos com versões.
E Braguinha como pessoa, um pássaro lindo, solto, pequenino, canoro,
meigo, bem querido por todo mundo. Penso mais que isso: talvez a reencarnação
de São Francisco de Assis.
Também nele brilha uma luz rara: a de um homem feliz. A felicidade é
mais criativa que a dor, a mágoa, a angústia e a tristeza.
De todos os seus nomes, o pseudônimo João de Barro é o que
profetizou a sua vida, quando o escolheu (o inconsciente nunca se engana), pássaro
construtor da casa abrigo dos filhos, com segredos que a tornam impenetráveis
às aves de rapina.(os bons atraem os bons).
Licença São Pixinguinha (seu parceiro em Carinhoso): João
de Barro também é o São Braguinha. Deus o abençoou.
Veio ao mundo para o fazer mais belo e feliz. E fez.
Que tal comprar um livro de Artur da Távola? O Jugo das Palavras |