Empatia é muito bom para quem escreve ou faz poesia, pintura, psicologia,
arte em geral, etc., pois revela as dimensões do outro. Mas para quem
a sofre na carne (e nos nervos), é de lascar.
O empático sofre muito. Contado depois, até que é divertido;
duas pessoas brigam, quem fica tenso é o empático que assiste.
O médico coloca aquela gronga de tirar a pressão no seu braço.
No que ele aperta a braçadeira do tensiômetro, antes mesmo de medir
a pressão, a taquicardia já está comendo solta; a pressão
foi lá em cima só de susto!
Contava-me outro dia o Paulo Alberto, que ele tem um amigo e confidente que
é assim. Lá num desses dias de pânico o tal sujeito sentia
vertigem até da própria altura... Esperava o frescão na
fila (era o segundo) e mal se agüentava em pé, pois sabia que a
morte o espreitava. Mas por fora estava firme (a maioria de quem síndrome
de pânico, disfarça e não conta). Mas eu dizia que ele estava
na fila do frescão quando viu ao lado de um táxi que estacionara
perto, um bebum daqueles que ficam tortinhos. Aí o pau d'água
se abaixou para pegar não sei o quê no chão. Quando ele
se abaixou e não conseguia se levantar, o tal amigo do Paulo Alberto
depois lhe contou que a vertigem da própria altura que já rodava
na cuca dele passou a girar muito mais. E ele sentiu, por empatia toda a tonteira:
a sua e a que era do outro. "Vou morrer", pensou e desandou a suar,
além da dor de barriga imediata e sem solução, pois estava
na fila do frescão e não havia banheiro por perto nem tempo...
O que veio depois nem vos conto. Esse rapaz. ademais, era tímido. E para
arrematar, ainda passou por ele um vizinho fofoqueiro que à noite comentou
no bar, diante de vários moradores da rua: "eu vi o fulano hoje.
Coitado! Bêbado e todo borrado às cinco e meia da tarde em pleno
centro da cidade".
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