A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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O milagre do natal

(Artur da Távola)

Acordar-se é nascer a cada dia. Necessário saber que nisso consiste o milagre.

Nascer é perceber a vida de modo sempre diferente. Nascer é Revelar.

Revelar é reviver.

Nascer é saber esperar sem ódios. É entender de rega, poda, criança e passarinho.      Nascer é ter os olhos bem abertos e, mesmo assim, prosseguir.

É saber hora de afago e reprimenda. É descobrir primeiro em si e só depois nos outros os defeitos que detesta.

Nascer é abrir o coração e a inteligência para receber o que, de teor Divino, em humana tessitura foi transformado. No escárnio ou no aplauso. Na cara virada ou

no sorriso natural. No ódio ou no amor. Neste.Nascer é meditar. Ir fundo às regiões do próprio silêncio e sombra, sem medo.

É saber-se menor, reduzido, torpe, invejoso, cabotino. Mas é canalizar seu impulso negativo para a criação e a colheita. É ser capaz de amar-se exatamente a partir do próprio conflito e sua superação.

Nascer é não ter idade para a Revelação. É dizer erro, faço, aceito, minto, busco, possuo, valho, vou, quero, hei de, para, um dia, entre suspiro de alívio e redenção, dizer: sou, creio.

Nascer é continuar.

Cada vez que a justiça se faz, algo nasceu. Nascer é descobrir a dimensão maior, a totalidade, a Unidade. O Eterno. Esta busca fez nascer o Cristo, sempre novo, porque Permanente, a reviver na manjedoura interior que devemos vivenciar a cada dia e obter a paz.

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