A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Saúde? Aparência? Seu bairro?

(Artur da Távola)

Estudiosos franceses vêm fazendo, nas últimas décadas, estudos sobre correntes sócio-culturais. Entre várias, despertam-me a atenção as correntes referentes à relação do indivíduo com o seu meio ambiente. Nelas, é possível encontrar pessoas que têm:

• preocupação com a aparência pessoal: se espalhou na maioria da população feminina e numa proporção notável na população masculina. Nunca, como hoje, o homem tanto se preocupou com a aparência pessoal;

• sensibilidade ao marco de vida: o lugar no qual se vive, seja a cidade (ou o campo), seja a casa, com seus confortos e com toda uma linha de usos e objetos estéticos ou funcionais, passa a ocupar parte da preocupação do homem contemporâneo, gerando não apenas uma arte e uma indústria próprias, como modos de vida concernentes;

• preocupação com a saúde e a forma física: esse elemento, "concentrado primeiro na doença a evitar, passou depois para um outro marco: o da saúde a preservar", diz o estudo. Os aspectos psicofísicos da vida passaram a ter enorme presença no homem e na mulher, logo, no consumo, na arte, nos serviços e na comunicação;

• necessidade de se arraigar: a excessiva mobilidade da vida e, sobretudo, a provisoriedade na sociedade de obsolescência programada, determinam um fluxo contrário: o de buscar raízes sólidas na relação com o mundo. Esta é, portanto, uma poderosa corrente ascendente.

O ser contemporâneo também busca:

• simplificação da vida: apareceu como resultante do esmagamento decorrente do oposto: a complicação da vida, devido aos complexos sistemas dentro dos quais o homem passou a viver;

• realização profissional: detectaram as pesquisas francesas que as pessoas deixaram de bastar-se com terem uma situação segura, uma profissão definida, etc. Passaram a querer, paralelamente, realizar-se como seres humanos e não apenas como profissionais;

Faltou acrescentar que a contemporaneidade teme.

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente