A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Lembram-se da Varig, Vasp e Transbrasil?

(Artur da Távola)

Em toda essa história do colapso de nosso sistema aéreo, sobre o qual todo mundo palpita e quem paga é a população, fica evidente que não será um cronista de canto de página o bamba que vai dar a solução. Na idade da sabedoria, a gente se guia por sintomas gerais. Por instinto. Por sinais aparentemente sem importância. Vivemos no mundo do pormenor e da tecnologia, mas os idosos são como aqueles velhos médicos de família, que descobriam as enfermidades no ouvido e sem tantos exames.

Este viajor de muitas milhas andou demais de avião em sua vida. Já me sentia um comandante, tantas foram as viagens por este Brasil e o Exterior, principalmente nos 16 anos de vida parlamentar, Presidente Nacional de Partido, convidado para palestras e eventos internacionais. Jamais passei momentos dramáticos, exceto duas arremetidas, uma delas apavorante, com centímetros para os pneus tocarem no chão: aliás, aqui no Aeroporto Santos Dumont, em noite de temporal. Mas chega de xaveco, e vamos ao assunto.

Já repararam que, apesar de combalida, quase falida e perseguida por todos os lados, sobrevivendo milagrosamente, em momento algum se falou ou fala em falhas nos aparelhos da Varig? Por que será que as duas companhias mais recentes, que enriqueceram em pouco tempo, volta e meia apresentam problemas? É só observar. Já houve vôo da TAM em que até a porta do meio da aeronave se abriu e creio que um ou dois passageiros foram ejetados do avião até se espatifarem no chão, um deles atado à poltrona. Até hoje não se apuraram as responsabilidades.

E a Vasp? Passou anos falindo. Definhando, definhando, perdendo aparelhos em decisões judiciais para pagar dívidas. Morreu. Pois nem nas horas de maior agonia dessa empresa, houve qualquer incidente grave de segurança com seus aparelhos.

O mesmo se pode dizer da Transbrasil. Já anêmica, a manutenção jamais deixou em perigo a vida dos viajantes.

Daí minha dúvida: na tentativa de consertar os erros seguidos, esses dados gerais e sintomáticos não devem ser postos de lado ou ignorados. E agora que a aviação é um oligopólio da GOL e da TAM, a segurança de vôo entrou em crise. Claro que há outros fatores inegáveis. Mas que essa coincidência deve ser considerada, disso não duvidem meus inteligentes leitores e leitoras. Tem caroço debaixo desse angu.

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