Há povos que organizam primeiro para depois fazer. Nós fazemos
primeiro para organizar depois; caso ainda dê ou seja possível.
Este é apenas um dos elementos típicos da maneira de ser brasileira.
Nosso traço psicológico principal não é o pensamento.
Somos um povo de sentimento e intuição, mais sentimento, ainda
do que intuição. Falta-nos, porém uma boa dose de pensamento.
E sem um mínimo de pensamento, a intuição e o sentimento
perdem a base de sustentação.
Os povos, como as pessoas, apresentam traços gerais de tipologia psicológica.
Não é algo rígido nem esquemático, mas da analise
das manifestações e reações gerais de um povo é
possível extrair seus vetores comportamentais predominantes. A função
psicológica principal de cada pessoa ou povo, sempre se sobrepõe
as demais em vez de as integrar no equilíbrio desses quatro verdadeiros
pontos cardeais do espírito humano : pensamento, sensorialidade, intuição
e sentimento (a ordem deles tanto faz). A grande luta do Brasil, de uns anos
para cá, é, a meu ver, a de integrar a função pensamento
na vida do pais. Função pensamento, objetivada na realidade chamada
externa, é a aplicação de normas racionais, do planejamento,
da ordenação e da logicidade etc. dos sistemas, da vida, das organizações.
Só com pensamento uma sociedade não se agüenta. Sem pensamento,
filho da educação e da cultura, os povos entram na desagregação
em que vive o Brasil de hoje, dividido entre a impunidade, a violência
e a superficialidade. Nisso estamos afundados.
As grandes linhas dos acontecimentos brasileiros sempre se inserem no sentimento
e na intuição como geradores da criatividade e do impulso de fazer,
para uma correção, institucionalização, ou organização
posterior. Por isso o País é tão criativo por um lado e
patina no lodaçal, por outro.
Bom ? Mau ? Não sei. Sei que a barra está pesada e insuportável.
São características. Como a realidade sempre é mais rica
do que podemos dela nos aperceber, no estagio atual do Brasil ainda é
difícil obter o equilíbrio das quatro funções básicas
: pensamento, sensorialidade, sentimento e intuição. Esse desbalanço
é gerador de uma psicopatia individual e social que nos deixa mais tristes
a cada dia.
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