A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Os dias de hoje no pensamento de ontem

(Artur da Távola)

Pude esse fim de semana ler como gosto: o bastante para uma digestão interior. E sou chegado ao pensamento oriental, à antroposofia, ao pensamento dos Cátaros, grupamento católico que viveu há cerca de mil anos e pensava com liberdade, abertura, elevada virtude e profunda fé. Contradição: este grupamento humano teve a sua morte decretada, pasmem, por um Papa e foi dizimado fisicamente até (quase) desaparecer por completo. Todos (inclusive crianças) assassinados pela liderança formal da fé que professavam uma antecipação macabra da inquisição muito pouco conhecida, aliás. Também dei minha volta pelos pensamentos de Diderot, encontrando reflexões de quase duzentos anos passados e de aplicação tanto no mundo quanto no Brasil da atualidade. E ainda pude dar umas bicadas no pensamento do Dalai Lama. Reservei para meus leitores e leitoras duas boas lições:

A primeira, uma citação de Diderot - filósofo- França- 1713-1748:

Em qualquer país onde talento e virtude não produzem nenhum avanço, o dinheiro será o Deus nacional.Seus habitantes ou terão que possuir dinheiro ou fazer outros acreditarem que eles o possuem. Riqueza será a virtude mais alta, pobreza o maior vício.

Aqueles que têm dinheiro o exibirão de todos os modos imagináveis. Se a sua ostentação não exceder a sua fortuna, tudo estará bem. Mas, se a sua ostentação exceder à sua fortuna eles mesmos se arruinarão. Em tal país, as maiores fortunas desaparecerão num piscar de olhos. Aqueles que não têm dinheiro se arruinarão com esforços vãos para esconder sua pobreza.

Isso é um tipo de riqueza: o sinal externo de riqueza para um número pequeno, a máscara de pobreza para a maioria e uma fonte de corrupção para todos. Assim pensava Diderot um sábio que morreu com menos de quarenta anos.

Depois de Diderot, que tal concluir com uma reflexão (na mesma linha) do Dalai Lama?

Perguntaram ao Dalai Lama...

"O que mais te surpreende na Humanidade?"

E ele respondeu:

"Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer.... E morrem como se nunca tivessem vivido."

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