Pude esse fim de semana ler como gosto: o bastante para uma digestão
interior. E sou chegado ao pensamento oriental, à antroposofia, ao pensamento
dos Cátaros, grupamento católico que viveu há cerca de
mil anos e pensava com liberdade, abertura, elevada virtude e profunda fé.
Contradição: este grupamento humano teve a sua morte decretada,
pasmem, por um Papa e foi dizimado fisicamente até (quase) desaparecer
por completo. Todos (inclusive crianças) assassinados pela liderança
formal da fé que professavam uma antecipação macabra da
inquisição muito pouco conhecida, aliás. Também
dei minha volta pelos pensamentos de Diderot, encontrando reflexões de
quase duzentos anos passados e de aplicação tanto no mundo quanto
no Brasil da atualidade. E ainda pude dar umas bicadas no pensamento do Dalai
Lama. Reservei para meus leitores e leitoras duas boas lições:
A primeira, uma citação de Diderot - filósofo- França-
1713-1748:
Em qualquer país onde talento e virtude não produzem nenhum avanço,
o dinheiro será o Deus nacional.Seus habitantes ou terão que possuir
dinheiro ou fazer outros acreditarem que eles o possuem. Riqueza será
a virtude mais alta, pobreza o maior vício.
Aqueles que têm dinheiro o exibirão de todos os modos imagináveis.
Se a sua ostentação não exceder a sua fortuna, tudo estará
bem. Mas, se a sua ostentação exceder à sua fortuna eles
mesmos se arruinarão. Em tal país, as maiores fortunas desaparecerão
num piscar de olhos. Aqueles que não têm dinheiro se arruinarão
com esforços vãos para esconder sua pobreza.
Isso é um tipo de riqueza: o sinal externo de riqueza para um número
pequeno, a máscara de pobreza para a maioria e uma fonte de corrupção
para todos. Assim pensava Diderot um sábio que morreu com menos de quarenta
anos.
Depois de Diderot, que tal concluir com uma reflexão (na mesma linha)
do Dalai Lama?
Perguntaram ao Dalai Lama...
"O que mais te surpreende na Humanidade?"
E ele respondeu:
"Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois
perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que
acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer.... E morrem como se nunca tivessem vivido."
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