O dia de ontem marcou a data de Santa Vicenta Maria, canonizada por Paulo VI
em 1975, exatamente no dia 25 de maio. Uma santa de século vinte. Ela
viveu no século dezenove, tendo nascido na Espanha e lá morrido
aos 43 anos, em 1890. O espaço não permite falar, em profundidade,
sobre a vida santa dessa religiosa. Aludo apenas a duas realidades profundas.
A primeira é a de haver sido uma serva da vontade de Deus a serviço
do próximo. Isso de "vontade de Deus" é sentimento e
percepção das mais misteriosas ao ser humano. Mais misteriosa,
ainda, é a capacidade (sempre proclamada e raramente exercida pelas pessoas)
de aceitar a vontade de Deus. Um tema para anos de meditação e
prática. As Escrituras apontam caminhos para descobrir a vontade de Deus,
porém ninguém nem crença alguma têm o monopólio
dessa descoberta. Misteriosamente, ela é intuída por quem faz
o bem.
A segunda foi entregar-se ao serviço das jovens. Santa Vicenta Maria
fundou uma Ordem, "As Religiosas de Maria Imaculada", dedicada a jovens
necessitadas, material ou espiritualmente. Mais de cem anos depois, as freirinhas
de sua ordem prosseguem no labor, em vários países. Cá,
no Rio, possuem seu heróico educandário na Rua Joaquim Murtinho
641, Santa Tereza.
Imaginem, leitor e leitora, o que significa dedicar a vida à recepção
amorosa e acolhedora e ofertar amparo, formação e construção
de uma vida sólida para as jovens que, segundo os desígnios de
Deus, um dia precisaram, precisam ou precisarão de quem olhe por elas
com incomensurável amor e transforme esse olhar em gesto de solidariedade.
Isto, na complexidade dos dias de hoje, com todas as contradições
de uma verdadeira revolução existencial no mundo, tanta miséria,
tanta criança nascida da prostituição infanto-juvenil;
e com um contexto, no Brasil, de tragédia social sem precedentes.
Entenderão, então, o sentido profundo da vida de Santa Vicenta
Maria, a quem envio, por algum desses mistérios da empatia, sei lá
por que, mas constantemente e por intuição (com resposta silenciosa),
fluidos, pensamentos e orações, desde que soube dela. Esta é,
aliás, a minha forma de rezar.
Depoimento pessoal: Não houve uma vez na qual eu tenha vivido momentos
de aflição e susto e que, pedindo-lhe a presença, tenha
deixado de fazer fluir, suavemente, ou a solução ou a paz interior
até mim.
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