Já que se fala tanto (e com razão) da política baixa, menor,
corrupta, como exercício de saúde mental e cívica, hoje
vou abordar o tema da Política e do Político com "P"
maiúsculo, que a meu ver também existem e nunca são destacadas.
Ocultam-na. Não saem no jornal nem na televisão...
O bom po´tico (espécie rara mas existente) é sobretudo alguém
de força moral. Esta, não é ausência de corrupção:
força moral não é passiva. Ativa, ela impõe a dignidade
da ação política, porém, como base. Não se
faz política para ser-se digno. Faz-se política por ser-se digno.
Desta base (a dignidade), partem as finalidades da ação, que podem
ser várias: a justiça social, a liberdade, a igualdade de direitos,
a democracia, ideais revolucionários, etc. São os altos ideais,
as metas, os objetivos, a utopia.
Força moral é, pois, a ligação entre dignidade (fundamento
da ação política) e fidelidade aos ideais pelos quais se
luta.
Todo político pode ser destruído, menos o que tem força
moral. Esta é o único elemento indestrutível na política.
Significa dizer que a força moral conduz sempre a vitórias? Ao
contrário, muitas vezes, muitas, a dignidade leva a derrotas (principalmente
as eleitorais) exatamente porque impede a adesão a práticas eficazes
porém indignas.
A vitória da força moral dá-se a longo prazo, quando se
considera o sentido de uma vida. É filha da perseverança na direção
do bem comum. Outra qualidade do grande político é a capacidade
de separar o essencial do acidental, ou seja, o importante do que é passageiro
ou aparente. O político lida com muitas idéias, palavras, projetos,
ambições justas e injustas. Saber selecionar e concentrar-se no
essencial é sabedoria de poucos porque significa (no cipoal de oportunidades)
distinguir as principais e, dentre estas, as favoráveis em cada momento,
subordinando-as ao espírito público e à dignidade pessoal.
Outra qualidade deriva da mescla de sabedoria com ação, virtude
raríssima. Em geral, a sabedoria passiva, é vitória interior,
desapego, capacidade de ver a vida com máximo de compreensão,
sem a tentativa de aproveitá-la (a compreensão). Os sábios,
em geral, são representados por idosos, serenos, com identidade e sem
egocentrismo, capazes do silêncio e de palavras que dizem apenas o essencial.
Seres que ensinam pelo que são.
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